- Área: 49 m²
- Ano: 2016
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Fotografias:João Morgado
Descrição enviada pela equipe de projeto. A sala que queria ser um apartamento… e se transformou numa “Casa”.
O projecto localiza-se num prédio do séc. XIX no centro histórico da cidade do Porto. A intervenção foi feita numa sala com 36m2 que se encontrava em mau estado, virada para a frente e sem nenhuma divisão no 3º piso desse prédio. Neste tipo de edifícios é característico a comunicação vertical se encontrar no centro do prédio fazendo a distribuição para uma sala virada para a frente e outra virada para trás.
O programa era ambicioso para um espaço de 36m2. O cliente queria, com um orçamento reduzido, construir um apartamento completo para aluguer temporário onde fosse possível alojar 4 a 5 pessoas com a maior privacidade possível.
A abordagem passou por retirar o carácter temporário e impessoal deste tipo de apartamento, de aluguer de curta duração, através da aplicação de um conceito/ imagem familiar e universalmente identificável pelas pessoas.
Sendo o projecto no último andar do prédio, permitiu expandir o espaço para as águas furtadas ganhando mais 13 m2 de área útil. Ao mesmo tempo reforçou a imagem forte, universal e simplificada que definiu o conceito e toda a estratégia de definição dos espaços que transformou o apartamento visualmente numa “Casa”.
Com uma linguagem contemporânea que se pretende ousada, o espaço foi dividido em duas metades. Uma verde e uma Branca.
A verde, integralmente revestida pelo mesmo material em todas as superfícies (pavimento, paredes e tectos) e pintada da mesma cor, organiza-se em dois níveis e reflecte a imagem de “Casa”. Dentro desta metade encontramos, no primeiro nível, a entrada, a cozinha, o quarto de banho e uma zona de dormir e no segundo, assotado , temos mais uma zona de dormir com acesso por uma escada vertical.
A Branca tem pé direito duplo e é onde se desenvolve a sala que tem ligação a uma pequena varanda com vistas panorâmicas sobre a cidade. Podemos caracterizar metaforicamente esta metade como um logradouro, quer pela actividade social do espaço quer pela linguagem utilizada nesta metade que nos coloca no exterior da “Casa” e nos permite, estando fora, ter a perceção do volume “Casa”.
O quarto de banho é a única divisão interior e fechada da Casa, no entanto, a colocação de uma claraboia de parede a parede na zona do duche proporciona uma abundante iluminação zenital que, juntamente com os materiais claros e despojados utilizados, dão a este espaço grande amplitude, personalidade e conforto. A particularidade de haver iluminação zenital reforça a identidade da ideia “Casa” uma vez que este tipo de iluminação raramente se encontra num apartamento.
Apesar de pequeno, este projecto para além de responder às necessidades funcionais do programa pretende criar uma experiência espacial que passa pela sensação de surpresa e contradição criada pela imagem/ Conceito do objecto “Casa” num 3º andar de um prédio, assim como pela cor e texturas dos materiais utilizados.
Apesar de ser um loft completamente aberto onde só existe porta para o quarto de banho, a organização e identificação dos usos dos espaços está claramente marcada pela cor Verde e, como forma de ajudar a compartimentar os espaços sem cortar com a relação visual existente, foram usadas ripas verticais de madeira de pinho à cor natural.
A “Casa” foi revestida integralmente por painéis de MDF que, mesmo depois de pintados, conservam uma textura próxima da madeira proporcionando uma sensação de conforto.
Na zona social o soalho em Riga pré-existente foi recuperado e as paredes e tecto foram pintados de branco maximizando a luminosidade. Na cozinha, a aplicação de pedra Mármore “Estremoz” branca no balcão e em parte da parede destaca-se conferindo-lhe personalidade.