- Área: 600 m²
- Ano: 2016
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Fotografias:José Campos
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Fabricantes: Estremoz, Primus Vitória, Sanitana, Valadares
Descrição enviada pela equipe de projeto. Pretendia-se reabilitar um conjunto de 3 apartamentos existentes, cada um com cerca de 200 m² de área de intervenção, mantendo a sua função de habitação com tipologias generosas (T3, T4 e T5), possibilitando também a sua utilização como unidade turística. Os apartamentos ocupam parte do 5º, 6º e 7º pisos de um dos edifícios mais carismáticos da cidade do Porto, designado de Palácio do Comércio, localizado na Rua Sá da Bandeira, e mantêm, na sua generalidade, a distribuição funcional e os revestimentos e elementos construtivos originais.
Durante a elaboração dos projetos, foi tido em consideração o fato do projeto de arquitetura deste exemplo notável da arquitetura portuguesa de meados do século XX ser da autoria dos Arqt.s Maria José Marques da Silva e David Moreira da Silva. Os pormenores construtivos e os materiais nobres utilizados na sua construção demonstram a qualidade construtiva e o rigor arquitetônico do edifício. Salientam-se as pedras mármore nas zonas comuns do edifício, as madeiras nobres nos revestimentos de pavimentos e nas carpintarias, o cobre nos caixilhos, alguns deles curvos, entre outros.
As alterações propostas procuraram, nesse sentido, minimizar o impacto nos apartamentos, preservando e valorizando as suas características originais. Paralelamente, o facto dos apartamentos se encontrarem em bom estado de conservação, levou a que as propostas envolvessem essencialmente um conjunto de intervenções pontuais, nomeadamente através da reabilitação dos elementos construtivos existentes e de pequenas alterações de distribuição funcional. A introdução de novas infra-estruturas, nomeadamente hidráulicas, eléctricas e de telecomunicações, foi pensada de forma a colidir o menos possível com os elementos construtivos existentes.
Os apartamentos organizam-se num espaço retangular longitudinal com duas frentes, uma para a rua e outra para o interior do saguão, por onde se faz o acesso de serviço. O acesso principal é feito num dos topos deste retângulo, sendo a distribuição interior realizada através de um eixo central que estabelece uma separação clara entre os espaços de serviço, orientados para o saguão, e os espaços nobres, virados para a rua. Esta hierarquia entre os espaços é traduzida também nos materiais de revestimento, sendo que as carpintarias apresentam madeiras de espécies exóticas à vista nos compartimentos mais nobres, enquanto que nos restantes espaços são esmaltadas a cores diversas. Grande parte destes revestimentos foi reabilitada, como é o caso dos soalhos, nos quartos e salas, das pedras mármore, mosaicos hidráulicos e elementos cerâmicos nas instalações sanitárias e nas cozinhas. Sempre que houve necessidade de introduzir novos revestimentos optou-se por manter esta hierarquia entre os espaços com diferentes funções.
Em termos de distribuição funcional, as alterações mais relevantes estão relacionadas com a remodelação das zonas de serviço, materializada pela reorganização das cozinhas e pela criação de uma sala de jantar associada à sala de estar. No caso dos apartamentos do 5º e do 6º piso, esta alteração libertou mais espaço para os antigos quartos de serviço, permitindo que se transformassem em suítes. Houve ainda a necessidade, em particular no caso do apartamento do 7º piso, de acrescentar uma instalação sanitária, para incrementar a funcionalidade dos apartamentos. Em suma, as intervenções pontuais realizadas permitiram valorizar as características originais dos apartamentos, preservando o seu elevado valor patrimonial e garantindo, em simultâneo, uma melhoria das condições de utilização e de conforto.