A realidade é um lugar estranho. Eventos que pareceriam impossíveis ocorrem incessantemente: Brexit, Estado Islâmico, Donald Trump, imigração em massa, Michel Temer, Exército nas ruas do Espírito Santo, Inteligência Artificial, algoritmos bolha das mídias sociais, Vladimir Putin, Aquecimento Global, O Antropoceno, fotografias que parecem renders…
Diante de tais fatos, a Arquitetura parece apenas remediar o mal-estar do capitalismo neoliberal. A mais recente Bienal de Arquitetura de Veneza, curada pelo chileno Alejandro Aravena, mapeou o que segundo o arquiteto seria a prática no fronte: Um conjunto de obras que parece apontar para um retorno aos fazeres tradicionais. Ao mesmo tempo, o discurso do urbanismo mais engajado roga por “cidades para as pessoas” que espelham nostalgicamente a cidade européia com suas piazzas e ciclovias. Parece que estamos incapacitados de imaginar alternativas radicais para nossa sociedade.
O último ‘fronte’ que referenciamos quebras de paradigmas da Arquitetura e do Urbanismo foi tido na II Guerra Mundial. Deste, uma retomada da corrente do urbanismo regional pautado em Patrick Geddes, substanciou o interesse pela arquitetura vernácula. Um movimento de negação dos princípios modernos da construção do ambiente para os homes máquinas. Os parquinhos de Christofer Alexander e a exposição de 1964 do MoMA, The Architecture withought Architects, são exemplo disso.
Se, como coloca o arquiteto e teórico David Ruy, a Arquitetura é por excelência o campo que produz a imagem da realidade hoje e no futuro, projetos especulativos podem produzir novas maneiras de convivermos ou apontar quais são as implicações de nossas escolhas enquanto sociedade. Projetos com o Fun Palace, de Cedric Price, Plug-in City, de Archigram, Continuous Monument, do Superstudio, No Stop City, de Archizoom, foram instrumentais para imaginar e consequentemente construir nosso habitat.
A exposição foca em projetos de Arquitetura que não sejam a representação de edifícios a serem construídos. Em uma conversa com Peter Eisenman, o perguntamos: O que diferencia Arquitetura de construção? Surpreendetemente, o arquiteto norte-americano respondeu que arquitetura não resolve problemas, apenas os cria. Sua provocadora senteça deixa claro que, para o autor, a arquitetura não é a resolução de problemas sociais por meio de edifícios, mas sim a exploração de questões formais que tenham impacto social e cultural.
A intenção curatorial é explorar como os arquitetos produzem ideias de maneiras radicais de existência através de suas ações por excelência: Desenhar, fazer modelos, falar e escrever. Em momentos de crise, onde parece não haver alternativas e nada realmente muda, produzir a imagem de maneiras de re-existir é um ato radical.
ER-RE - Estranhando o Real – Realizando o Estranho
Exposição de Arquitetura de 5 a 27 de Agosta na Casa da Xiclet Galeria
Edital Aberto!
https://erre2017.wordpress.com/
Título
ER-RE - Estranhando o Real - Realizando o EstranhoTipo
ExposiçãoWebsite
Organizadores
De
12 de Agosto de 2017 06:00 PMAté
10 de Setembro de 2017 06:00 PMOnde
Casa da Xiclet Galeria, São PauloEndereço