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Arquitetos: Carreño Sartori Arquitectos.; Carreño Sartori Arquitectos.
- Área: 3257 m²
- Ano: 2016
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Fotografias:Marcos Mendizabal
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Fabricantes: Budnik, CHC, Dermetall, Ingelam
Descrição enviada pela equipe de projeto. A obra foi construída em um longo período de tempo devido a falência da empresa que iniciou os trabalhos, em 2009. O projeto é de 2007 e a construção foi finalizada somente em 2016. Esta distância de 9 anos permitiu certas mudanças baseadas em observações e oportunidades; as ideias iniciais seguiram em jogo e modificaram a obra.
LUGAR DE TERRENOS PRIVADOS
O projeto foi pensado desde o lugar, a partir das condições próprias de um terreno urbano, onde está localizado um edifício de uso público que recebe 2.000 espectadores.
O terreno, com uma precária academia existente, era vizinho de uma quadra de futebol e de uma antiga piscina em desuso. Estes lotes eram utilizados como recintos independentes e privados, com vedações opacas; fragmentando o solo e sem continuidade de percursos. Os três programas chegavam com muito pouca folga aos muros limitantes, criando retalhos abandonados no terreno.
PROJETO DE SOLO PÚBLICO
Os três pertenciam ao município, por isso a reunião destes - eliminando as vedações - foi entendida como uma oportunidade arquitetônica, apresentando ao concurso público uma proposta de explanada esportiva conjunta, no qual o corpo da nova academia substitui os muros perimetrais e ativa os usos das bordas entre os terrenos - com distintos programas, percursos e acessos - por suas quatro fachadas.
A fachada sul enfrenta a cidade e nesta propõe o acesso principal, de uso eventual. Na fachada norte - de luz direta - são incorporados acessos e usos cotidianos, relacionados à academia, cafeteria e escritórios administrativas. Ao leste, a edificação acompanha a calçada pública com uma rampa de acesso e ao oeste, são localizados recuos de segurança e programas complementares à quadra de futebol vizinha; cabine de jornalistas e camarotes compartilhados.
A proposta do térreo é aberta às calçadas pedonais, incorporando ao percurso e ao uso público os lotes originalmente fechados.
CÉU PÚBLICO
O espaço resultante sob os terraços é difícil de se resolver. Existe um problema estrutural e uma geometria difícil de usar. A maioria dos casos que estudamos primava a presença de elementos estruturais sobre a claridade do espaço.
Com acesso principal ao sul e sem disponibilidade de terreno anterior ao edifício, o plano oblíquo sob as arquibancadas é valorizado. Se decide diminuir os apoios ao mínimo e eliminar os fechamentos verticais, resultando um vazio que serve de ante-sala para uma massa considerável de pessoas. Este grande beiral confere sombra e protege da chuva, aberto às brisas ascendentes da borda da inclinação.
Com a obra avançada, e este céu público construído, o município acolheu a ideia de substituir a antiga piscina por uma explanada de 40x40m, incorporando uma nova praça ao sistema pedonal urbano.
LUZ INTERIOR CONTROLADA / INCOMPATIBILIDADE DOS PLANOS
Busca-se uma luz interior controlada e indireta, que permita tanto a prática esportiva como a realização de reuniões e eventos públicos. Esta luz é criada com uma envolvente superior de madeira - montada sobre o concreto das arquibancadas - que se organiza em um jogo de espaços intersticiais, resultantes de planos dobrados, como um avião de papel.
Esta série de planos é disposta em relação ao percurso solar e aos programas relacionados, partindo desde a aresta alta do acesso principal. O corpo levantado do edifício possui uma geometria facetada que se relaciona com os solos horizontais - inclusive a quadra de madeira interior - e inclinados, onde se insere a continuidade urbana na obra.
ESTRUTURA E TRASLADO DE FORÇAS
O projeto não segue o ideal estrutural - de transmissão de forças diretamente ao solo - mas uma certa lógica, sistematizando a transmissão das forças por diferentes incompatibilidades entre elementos resistentes. Estes traslados de forças - da madeira ao metal e do metal ao concreto - finalmente encontram o solo para apoiar-se nos elementos de fundação.
Este deslocamento de forças engana o olho e mostra uma flutuação das peças e planos construtivos.