Contexto
Habitação social, habitação de interesse prioritário, habitação econômica, são diferentes nomes para o mesmo problema: déficit e a qualidade da habitação no território sulamericano.
O caso colombiano guarda algumas diferenças que geram um cenário ainda mais difícil de tratar em relação a seus vizinhos sul-americanos. O conflito armado presente por mais de 50 anos deixou o território rural em estado catatônico. Pouca clareza na identificação dos proprietários da terra, um elevado déficit habitacional em mais da metade dos municípios do país e uma má qualidade espacial e construtiva das residências, por exemplo, deixaram 85% da população que vive no campo em uma situação extremamente problemática.
É nesse momento que surge a pergunta de projeto: Qual é a estratégia de desenho que permite diminuir o custo de construção da residência e aumentar a qualidade espacial dessas para que possa receber uma família média de 6 pessoas? Onde deve-se destinar espaço interno para o armazenamento de alimentos e ferramentas, próprios de áreas produtivas e que dialogue com a paisagem rural?
Proposta
Propomos uma residência que é pensada a partir e para o usuário, em um processo de construção dividido no tempo.
Tudo isso deve estar elevado à produtividade da área e à família, compreendendo que o fundamental é que a residência esteja multiplicada pelos fatores culturais do local. O resultado disso deve ser de 55 SMLM.
Propomos uma residência que é um Teto, acreditamos que um Teto é o próprio elemento que constrói a residência. Se construirmos um Teto de forma arquitetônica, estamos dando uma resposta de forma eficiente à habitabilidade de uma residência.
Propomos uma residência rural como Teto habitável. Estamos convencidos de que esse elemento pode ser resolvido arquitetonicamente, estamos solucionando a parte mais difícil de construir em uma casa, ao mesmo tempo a mais útil, para vários climas e topografias, e, finalmente, estamos entregando o indispensável para um habitar seguro e confortável.
A residência teto é uma proposta baseada em um princípio estrutural de suportar dois planos inclinados que se apoiam entre si formando um triângulo de tração. Isso torna a estrutura mais resistente aos sismos e ao vento, além de reduzir os vínculos construtivos, já que 60% da casa correspondem a esse elemento, o que diminui o custo e o tempo de construção.
Descrição
A residência está localizada no município de Boyacá, a três horas de Bogotá ao norte. A 2500 metros sobre o nível do mar, a cidade tem uma média de temperatura que varia entre 12 e 20 graus.
O projeto foi construído com três materiais principais, dois deles de uso universal, como a madeira (que estrutura o teto da residência cobrindo mais de 60% da casa) e uma alvenaria de tijolo tradicional, própria da área rural de Boyacá para as duas fachadas laterais. A alvenaria pode ser substituída por outros materiais como pedra, madeira, palma, tela, etc., dependendo da temperatura da região onde se implantará a residência.
A residência foi pensada para uma família que cria gado. Em seu interior encontramos o programa organizado em dois pavimentos. No primeiro, encontram-se os dormitórios, um banheiro e uma sala de jantar - cozinha de pé direito duplo (6 metros de altura). Também no primeiro pavimento, mas com um acesso independente, é possível acessar o armazém de materiais e alimentos.
No segundo pavimento encontra-se o dormitório principal e mais um banheiro privado. Este dormitório projeta-se sobre a área social da casa.
Acreditamos que um Teto é mais do que a estrutura de uma casa. Trata-se de um lugar, um dispositivo espacial que protege das inclemências do tempo. Um Teto é um elemento primitivo e elementar que permite habitar, um elemento arquitetônico essencial quando pensamos em uma residência. Um Teto é um símbolo para falar de dignidade. É o que as pessoas reivindicam nas ruas das cidades. Ainda sim, a imagem de um Teto é mínima e precária, um Teto representa os sonhos das pessoas.