-
Arquitetos: Vão
- Área: 56 m²
- Ano: 2016
-
Fotografias:Rafaela Netto
-
Fabricantes: AEME Marcenaria, CIMAR Estruturas Metálicas, RX Pinturas, Reka Iluminação, SV Vidros
Descrição enviada pela equipe de projeto. O Edifício Viadutos, projetado e construído pelo arquiteto Artacho Jurado durante a década de 50, é um marco histórico na paisagem paulistana. A sua imponente implantação em uma ilha resultante do Plano de Avenidas de Prestes Maia, demarca centralmente o eixo visual de quem transita pelo Viaduto Nove de Julho.
O apartamento em questão, no 18º andar do citado edifício, proporciona através da sua área avarandada uma vista privilegiada da área central da cidade. Demolir todas as alvenarias internas da recortada planta original foi, portanto, uma ação para que a paisagem e a luz natural, enquadradas pelos caixilhos originais de madeira, pudessem adentrar o espaço.
Para aumentar a sensação de amplitude dentro dos 46m² de área interna, a divisão entre ambientes se fez através de um mobiliário que flutua suspenso, sem tocar o piso verde que inunda todo o apartamento. O volume de madeira em meio a planta tem dupla função, abrindo-se tanto para a sala de estar como para o quarto de dormir: enquanto um lado é armário para livros e eletrônicos, o outro serve como guarda-roupas. A funcionalidade da bancada de concreto também auxiliou na organização e ganho espacial pois nela estão embutidos os utensílios de lavanderia, cozinha e o lavabo do banheiro, separado destas por um espelho suspenso na bancada.
Por ser o único ambiente fechado e com pouca incidência de luz natural, o banheiro foi envolto por painéis de vidros translúcidos ao invés de alvenarias. O tratamento acidado garante a privacidade, mas também permite a passagem filtrada de luz, tanto da diurna que provém do quarto, como da artificial interna que o transforma a noite em uma grande lanterna. Essa luz artificial é emitida pela divisória técnica entre o sanitário e o chuveiro, que concentra também todas as tubulações hidráulicas, facilitando a sua manutenção caso necessário.
O armário alto na cozinha é um outro elemento importante, pois constitui-se como uma segunda lanterna voltada para a sala. Como as lanternas, as outras luminárias indiretas estão soltas do teto, liberando a laje e as vigas de concreto descascado de outras interferências visuais.
Apesar da área ainda ser a mesma, a sensação espacial foi transformada completamente, do apartamento escuro subdividido em pequenos ambientes à um amplo espaço. Isso só se tornou possível graças às estratégias adotadas de unificação material dos dois planos contínuos, o piso de epóxi abaixo e o concreto acima, e o aproveitamento funcional máximo de todos elementos presentes.