- Área: 4000 m²
- Ano: 2017
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Fotografias:Fernando Stankuns
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Fabricantes: Hunter Douglas, Abatex, Berneck, Bertolucci, Board Solutions, Braston, Eco Verde Paisagismo, Forbo Flooring Systems, Jatobá, Kiir, Lumini, Macom, Metadil, NS Brazil, Neocom, Otis, Permetal, Plaka, Portobello
Descrição enviada pela equipe de projeto. A proposta buscou aproveitar o máximo possível da estrutura existente, ao mesmo tempo que lançou mão de recursos construtivos que pudessem dar novo caráter e vida ao edifício para receber com qualidade o uso educacional.
Algumas dessas estratégias foram a inclusão de pré-sombreamento das fachadas para melhor conforto térmico e filtragem de luz difusa nas salas de aulas, adoção de grandes átrios verticais, novas escadas internas, nova passarela de entrada, liberação do térreo inferior como grande pátio e jardim, entre outras.
As plantas foram organizadas para melhor atender alguns dos desafios impostos em um edifício vertical: grande fluxo de estudantes e limitação de pátios. Dessa forma, as alas de aula foram organizadas nos pavimentos mais baixos – à exceção do térreo inferior, que é dedicado à praça de chegada e refeitório. Com uso mais esporádico, as salas de uso especial ficaram no 2o pavimento.
Assim, o Térreo Superior acomoda 7 salas de aulas, enquanto o primeiro pavimento abriga outras 10, totalizando 17 salas. As salas de usos especiais foram alocadas no segundo andar (biblioteca, laboratórios e salas de estudos), tendo em vista que o fluxo nesses espaços é mais reduzido.
À biblioteca e área de estudos, com toda simbologia dentro de uma instituição de ensino, foi reservada o espaço superior e junto à fachada frontal do edifício – como se a biblioteca se debruçasse sobre a rua frontal e como se convidasse as pessoas a desfrutarem da instituição.
O Térreo Inferior é tratado em projeto como a “Praça de Chegada e Convívio” de todos os estudantes, seja aqueles vindo da rua ou de van escolar. Por isso, grande atenção foi dispendida em abrir o máximo possível de espaço como área livre, para acomodar jardins e recantos de utilização.
A contenção do desnível com a rua à frente do prédio é tratada como um jardim escalonado, como uma arquibancada que configura uma arena em direção à porção coberta da praça, integrando pátrios externos, cobertos e o refeitório.
Com a demolição parcial de 2 trechos de lajes frontais, foi possível a criação de grandes átrios centrais que permitem arejar a verticalidade do edifício existente. Esses átrios, cobertos por sheds de iluminação e ventilação, e abertos lateralmente, também propiciam abundante circulação de ar por ventilação cruzada e por efeito chaminé.
Outro ponto chave é a correta adequação das circulações verticais. Aproveitando os átrios abertos, foram criadas duas novas e proeminente escadas, possibilitando a demolição da escada existente. Como maneira de garantir o acesso de cadeirantes ao edifício, foi proposta a substituição da passarela em concreto, que hoje é muito íngreme, por uma peça em estrutura metálica que avança mais adentro no edifício.
Essa nova passarela dá acesso direto ao Térreo Superior do edifício – que abriga as salas administrativas da escola. Assim, entende-se que pais de alunos, funcionários e visitantes utilizarão essa passarela ao invés da descida por escadaria ao Térreo Inferior – que tem uma utilização mais franca pelos estudantes.
Ao longo dos 3 pavimentos superiores, salas de aulas e de usos especiais ocupam as áreas perimetrais e liberam grande porção central de laje – trunfo do projeto, apelidadas de “Praças Aéreas” – caracterizadas por dois grandes vazios e pelas circulações verticais.
Vistas das Praças Aéreas, as paredes das salas de aula são peças especiais, com faixa superior de vidro e fresta de circulação de ar com chicane para absorção de som. Os diferentes ângulos gerados em planta, por conta da posição das escadas de emergência existentes, são valorizados com as paredes, que se moldam ora como mesas e em especial, como bancos.
Há de se propiciar, através do mobiliário e equipamentos, a possibilidade de apropriação por parte dos alunos de cada recanto criado nas Praças Aéreas, como forma de compensar o pouco solo disponível. Essas oportunidades de interação refletem diretamente no educar através do convívio.
O edifício existente, despido de sua alvenaria externa – dá lugar à grandes panos envidraçados – sendo protegido por uma camada extra de chapa de alumínio expandida e brises.
Afastada 75cm em relação à fachada existente, a chapa de alumínio expandida, na cor branca, tem duas funções: filtrar a luz direta em uma luz difusa e homogênea de alta qualidade ambiental às salas de aulas, e pré-sombrear o edifício para minimizar o ganho térmico. Evita-se assim o contrassenso do chamado “dilema do chá gelado” em que se espera que o edifício ganhe calor para depois tratar de seu resfriamento. Esse sistema da fachada é dividido em módulos articulados, o que propicia uma melhor orientação em relação ao sol, e facilita a manutenção e limpeza.
O sistema de chapa de alumínio expandida é fixado através de estrutura metálica auxiliar que também apoia um piso em grade, que serve de galeria técnica contínua para limpeza e manutenção. Esse interstício entre duas fachadas acomoda também equipamentos, em especial ventilador de insuflamento de ar às salas de aula e tubulação frigorígena e dreno do ar condicionado.
Questão crítica em escolas, a performance acústica do edifício foi objeto de atenção especial para o Shieh. Dentro das salas de aula, o professor vive o dilema de precisar das superfícies refletivas para se fazer ouvir, mas também precisa de superfícies absorventes para os ruídos. A solução adotada pelo escritório foi a adoção de “pistas” alternadas com materiais das duas características, forro de gesso liso e forro de gesso perfurado – na direção professor ao fundo da sala.