Ama casa honesta
A arquitetura como construir portas, de abrir; ou como construir o aberto;
construir, não como ilhar e prender, nem construir como fechar secretos;
construir portas abertas, em portas; casas exclusivamente portas e tecto.
O arquiteto: o que abre para o homem (tudo se sanearia desde casas abertas)
portas por-onde, jamais portas-contra; por onde, livres: ar luz razão certa.
Até que, tantos livres o amedrontando, renegou dar a viver no claro e aberto.
Onde vãos de abrir, ele foi amurando opacos de fechar; onde vidro, concreto;
até fechar o homem: na capela útero, com confortos de matriz, outra vez feto.
Fábula de um Arquiteto – João Cabral de Melo Neto
A FAMÍLIA
A casa pertence à um jovem casal, ele pernambucano e ela cuiabana. Foi minuciosamente pensada para esta família, considerando a breve chegada de um rebento. Buscou-se também criar um espaço confortável para receber amigos e familiares. A intensão era de que ali fosse mais que uma moradia, um lugar de encontro e bons momentos. Sobretudo, para ela ser boa tinha que ser boa para o casal, afinal de contas eles seriam os principais usuários. Esse pensamento sempre norteou os projetos do nosso escritório.
O LUGAR
O terreno está inserido num condomínio particular, em área limítrofe do perímetro urbano de Cuiabá. Sua topografia era suavemente inclinada e m testada para orientação Leste. Foi feito um estudo minucioso da carta solar, clima e orientação dos ventos predominantes da região, com o objetivo de proporcionar o máximo de conforto ambiental aos moradores.
A CASA
A construção da Casa Cuiabá foi gerida pelo próprio dono, que tem grande sensibilidade às questões artísticas e técnicas pertinentes a este tipo de projeto, o que ajudou bastante os arquitetos desde a concepção do estudo preliminar até o final da obra. Queriam uma casa térrea, com um programa simples, fácil de usar e sobretudo agradável. Criamos então um pátio, “aberto” para a orientação sul, protegendo os ambientes sociais e garantindo sol durante a maior parte do dia no pátio e na piscina. Outro aspecto bastante trabalhado foi a integração entre a casa e o espaço “público”. Na frente da residência existe uma grande área verde comum, que em noites festivas também é uma ótima opção aos convidados. Os três quartos da casa podem ser acessados tanto por dentro quanto por “fora”, após um refrescante banho de piscina, algo bastante sugestivo para o clima da região. Conseguimos criar uma varanda na lateral sul da casa, com um jardim, trazendo privacidade e proporcionando um agradável espaço de transição para os quartos. A garagem na verdade é um espaço que possui uma segunda função bastante solicitada, a de terraço, principalmente em dias de festa, onde você tem a opção de fechar a porta de esteira vazada conferindo mais privacidade ao ambiente interno em relação à rua.
Acreditamos nesse tipo de arquitetura honesta, sem ornamentos, sem objetos puramente decorativos, mas com alguns hábitos comuns em nossa maneira de construir, como por exemplo, reboco, instalações embutidas etc. Mas sobretudo, essa é uma arquitetura honesta com quem irá usá-la, procurando além de atender ao máximo os anseios dos seus usuários, buscar proporcionar uma experiência cintilante, aquela que faz os olhos brilharem!