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Localizado entre a Rua Vergueiro e a Avenida 23 de Maio, o Centro Cultural São Paulo integra-se à paisagem de São Paulo, não se impondo visualmente, e constitui-se como passagem e ponto de encontro para uma variada gama de pessoas diariamente, de idades, classes sociais e interesses diversos. É um exemplo de urbanidade e diversidade, um espaço democrático, projeto cultural bem-sucedido.
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O lote público, com cerca de 300 metros de comprimento, 70 de largura e 10 de desnível, resultou das desapropriações de terrenos residenciais para a construção da linha e estação do Metrô. A ideia inicial da prefeitura era a construção de torres comerciais, hotéis, shopping e uma biblioteca, a qual foi abandonada para implantação de uma enorme biblioteca. Esse programa foi revisto posteriormente, e acrescido de espaços de exposições, cinema, teatro e restaurante. A acessibilidade do terreno é notável, conectando-se à Estação Vergueiro da Linha Azul do metrô e estando próximo à Av. Paulista, com alto fluxo de pedestres. Desde a rua, o edifício possui uma boa permeabilidade, com quatro entradas de pedestres através da Rua Vergueiro.
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Apesar dos quatro pavimentos que foram possíveis após a retirada de terra, a volumetria vista através da Rua Vergueiro é baixa e discreta, evidenciando somente a cobertura principal, cujo balanço projeta-se sobre o passeio público em alguns pontos. Desde a Av. 23 de maio, 15 metros abaixo, vê-se, sobretudo, a viga de borda da cobertura. A estrutura adequou-se ao talude, demandando a construção de uma cortina de concreto atirantado contra placas de ancoragem, bastante visíveis na biblioteca.
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Longitudinalmente, todo o CCSP é percorrido por uma “rua interna”, com 300 metros de comprimento, que distribui todos os fluxos e as circulações. Todas as divisórias transversais são transparentes, proporcionando uma visão total e integração entre todos os programas e o jardim interno. “Nessa rua interna há escadas que conduzem às platéias dos teatros, cinema e auditório que estão localizados no pavimento abaixo, e rampas de acesso que descem levando à biblioteca e à discoteca (em forma de Y) e sobem para a Pinacoteca Municipal (em forma de X); caminhando-se pela rua interna no sentido da estação Vergueiro do metrô, chega-se ao foyer dos teatros, que presta-se também a exposições e espetáculos, e na outra extremidade dessa rua estão localizados os ateliers de artes plásticas.” [1]
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A estrutura, mista de concreto e aço, é protagonista no espaço. Os pilares metálicos centrais, pintados em azul, abrem-se ao encontrar as vigas, remetendo a troncos de árvores. As vigas em concreto aumentam a seção ao atingir os pilares e diminuem nos meios dos vãos, conferindo dinamicidade à estrutura, muito comparada ao madeiramento de um barco. Na cobertura principal, panos translúcidos permitem a entrada de luz zenital, proporcionando iluminação natural abundante em todo o edifício. A modulação rígida, que vai variando de acordo com a necessidade, conforma uma diversidade de espaços e eixos visuais.
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Rompendo a rigidez do concreto e do aço,deixou-se um enorme pátio no centro da construção, um jardim de 700m², onde a vegetação original dos quintais das antigas residências foi preservada. Além deste, a grande laje jardim é outra atração do projeto, que proporciona um respiro no entorno urbano, um espaço de contemplação de São Paulo e, inclusive, o cultivo de hortas comunitárias.
Notas:
[1] CENNI, Roberto. Três Centros Culturais na Cidade de São Paulo. 1991. Dissertação de Mestrado. Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, São Paulo.