- Área: 55 m²
- Ano: 2015
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Fotografias:Federico Cairoli
Descrição enviada pela equipe de projeto. Um assentamento de 1270 pessoas com uma renda de 156 dólares mensais por família representa um desafio que coloca a infraestrutura como uma forma de desenvolvimento.
O intuito é aproximar as oportunidades de desenvolvimento da comunidade por meio de uma plataforma construída que seja sustentável e pautada no referencial humano por meio da participação. O projeto responde a três eixos estabelecidos pela comunidade: educação, saúde e atividades comunitárias, transformando o local em um gerador de coesão social.
Cerro Cora possui uma grande falta de desenvolvimento educativo, 25% das crianças não possuem sequer educação primária, e 63% não estuda por que precisa trabalhar. Apenas 38% das famílias recebe coleta de lixo, e 98% das ruas ainda são de terra, o que torna muito difícil o acesso dos diferentes serviços à comunidade
A intenção foi abarcar desde a perspectiva da solução de um problema que influencia não só uma pessoa, ou a família, mas sim um coletivo de pessoas, por isso a própria ideia busca reivindicar a ação conjunta humana, deixando de lado o ego, os interesses individuais, para poder tratar do interesse geral como prioridade.
Nesse tipo de lote urbano a relação com o contexto, tanto social, quanto econômico e governamental, é de marginalidade e exclusão, na maioria dos casos, são terras ocupadas, em outros, concedidas, mas sempre virgens, sem nenhum tipo de serviço básico, o que indica que a conquista do desenvolvimento urbano do local deve começar por iniciativa deles.
Uma das maiores dificuldades é a falta de coesão social, a falta de permanência por uma série de fatores, como a necessidade econômica, falta de resposta a necessidades básicas, exclusão social, manipulação, etc.
Buscou-se gerar organização e progresso nos lugares mais vulneráveis, para também fortalecer o trabalho dos municípios em seu ofício de administradores públicos, que por falta de organização não entram em contato próximo com locais com essas características.
Esse tipo de projeto é de vital importância, já que buscam reverter a instabilidade social, econômica, urbana e política, desde o fomento e atenção organizada das necessidades comunitárias, criando uma plataforma construída que sirva de articuladora, desde a escala pessoal, até a institucional, incentivando a formação e o bom uso das instituições, como principais representantes das pessoas da comunidade, e, além disso, das necessidades e soluções.
Essas plataformas construídas (edifícios) possam a intenção de conter espaços que respondam diretamente às necessidades (educativas, profissionais, de saúde, de segurança, de refúgio, recreativas, etc.) primordiais da comunidade, germinando esperanças e oferecendo ferramentas para o desenvolvimento e assim também se transformem em ícones que gerem uma identidade comunitária, promovendo o desenvolvimento do contexto por meio do trabalho para a construção desse edifício, aprendendo novas técnicas de auto-construção que possam ser levadas a suas situações familiares-individuais.
Do coletivo ao individual, não do individual ao coletivo. É a proposta construída no território de Cerro Cora. Nesse tipo de projeto é necessário não só uma plataforma construída, mas uma comunidade comprometida que possa seguir administrando e gerindo o uso do edifício.
Por isso como oficina vemos a sustentabilidade a nível universal como algo que parte do humano, mas sustentável na medida que responda bem a pergunta correta.
Os três eixos de uso, aos quais o edifício responde, foram estabelecidos em um trabalho de diagnóstico, diálogo e desenho participativo, trata-se de uma arquitetura na escala das necessidades, gostos, sonhos, ideias, etc.
Hoje o edifício já cumpriu a função de salão de eventos, espaços para as aulas de culinária, local de depósito e residências para os trabalhadores que construíram as primeiras unidades de habitação social no bairro e espaço de apoio escolar de todos os final de semana desenvolvido por uma ONG.
Nesse mesmo momento se está executando a primeira ampliação planejada, que são os sanitários, além de uma conexão de internet wi-fi em todo o centro e sua praça.