Capela Stella Maris / Alejandro Beautell

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Descrição enviada pela equipe de projeto. Durante anos, os moradores do bairro de El Pris tentaram estabelecer-se como uma comunidade de fiéis e incentivar a construção de um próprio templo, sob o patrocínio da Virgem do Carmo. Tal construção, por várias razões e em diferentes locais, não foi concretizada. A imagem da Virgem, de grande devoção e tradição entre os vizinhos, foi guardada na Associação dos Pescadores, até que pudesse ser devolvida para um lugar de culto. 

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O terreno, situado junto ao antigo cais, era certamente complicado devido à suas reduzidas dimensões e forma irregular. A esta dificuldade somam-se a importante inclinação do estrato rochoso sobre o qual se ergueria a capela (o terreno não permitiria o desmonte pelo perigo de transmitir vibrações às precárias edificações em anexo) e as conhecidas restrições da Lei de Costas, além dos escassos recursos econômicos disponíveis.

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Em uma área sem referências arquitetônicas, onde proliferam edificações de auto-construção, a edificação projetada pretende completar a fachada do conjunto edificado sobre o penhasco. O desafio consistia em integrar-se sem impor-se, de maneira que o agrupamento de casas não perdesse seu caráter. 

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A capela é projetada como um único volume cilíndrico, cortado na sua parte superior. Desta maneira, o espaço interior se eleva em altura, conforme vamos nos aproximando do altar. Os espaços de apoio são projetados como pequenos espaços de oração para os pescadores da área, como uma caverna e uma sacristia. A disposição dos volumes favorece um espaço aberto entre ambas construções como um pátio de acesso, protegido dos fortes ventos dominantes. 

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O altar está orientado ao norte. O espaço circular onde se localiza a assembleia é um espaço diáfano sem diferenciação de alturas. Um único banco monolítico que nasce da parede, abrigará os assentos necessários em torno da mesa do altar. Na continuidade da parede projeta-se um Via Crucis composto por 14 estrelas. Sobre o retábulo de concreto é projetada uma importante entrada de luz zenital através de um vidro azul que qualifica o espaço resultante. 

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A nível material, a construção resulta de grande austeridade, a simplicidade dos materiais utilizados e o emprego de recursos como a iluminação natural, dotam a edificação de um caráter ascético que busca o essencial. O retábulo de concreto contém vidros azuis em sua massa, que provêm das garrafas de vinho branco da terra que compartilhamos com os vizinhos de El Pris após a colocação da primeira pedra. 

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O concreto aparente, em contraste com os acabamentos rugosos a la tiroliana, junto com a interação da luz sobre eles, constituem a materialidade do projeto. Foi prescrito concreto polido para o pavimento da nave e concreto rugoso nas peças que conformam o altar e o púlpito. A porta é estruturada em madeira maciça com elementos do mesmo material em forma de A e M.

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Arquitetura do sagrado

A circunferência que conforma a projeção em planta do templo representa a feminidade da virgem Maria, a figura materna que abraça os fiéis. Assim, a Virgem do Carmo preside o espaço, situando-se no norte com metáfora da sua função de guia para os navegantes durante a noite, a Stella Maris ou Estrela do Mar. 

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