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Arquitetos: Carlos Levit, del Puerto Sardin Arquitectos
- Área: 4500 m²
- Ano: 2014
28 UNIDADES DE MORADIA
Trata-se de um edifício residencial multifamiliar no bairro de Bajo Belgrano em um amplo lote entre empenas, próximo ao rio da Prata.
Um embasamento contém o hall de entrada, além disso, uma caixa de vidro provista com elementos de madeira regula a relação visual com a rua. Um primeiro filtro conforma um fechamento de vidro e finas chapas de madeira emolduradas por um arco de concreto. Este atua como diafragma entre o âmbito público e o universo privado e recupera, por sua altura, a escala humana. O setor posterior do térreo está destinado às garagens.O resto das mesmas se alojam no subsolo conjuntamente com as salas de máquinas.
Os sete pavimentos habitacionais combinam unidades de dois dormitórios com e sem dependências. Nas expansões, um conjunto de brises verticais materializados com finas chapas de madeira e as varandas com cabos de aço conformam uma membrana repleta de trepadeiras que, com o tempo, cobrirão parte das fachadas. Este efeito, em vez de proteger o edifício da incidência solar direta, cria um jardim vertical que enriquece as expansões e as convertem em espaços de transição entre o exterior e o interior das moradias. Assim o edifício se mantem preso entre duas naturezas.
O edifício é concebido como a articulação harmônica entre o mineral representado pelo concreto rugoso na totalidade das superfícies, como uma rocha artificial conjuntamente com as superfícies envidraçadas, e o orgânico representado pelas envolventes de madeira e o componente vegetal. Desta forma, cria-se um impacto positivo na paisagem urbana do bairro com a geração de um clima mais natural.
O oitavo pavimento está recuado em ambas frentes e abriga o salão multiuso, churrasqueira, academia e amplos terraços. Todas as coberturas do edifício são acessíveis, com terra e grama, piscina e varandas sobre a academia. As coberturas se tornam mirantes para o rio, para o Parque 3 de Fevereiro e para a cidade.
O impermanente, o incompleto, o imperfeito
Um desejo fundamental da nossa produção era converter as obras em seres vivos que pudessem crescer e enriquecer com o passar do tempo e assim experimentar mutações imprevistas, surpreendentes por seu componente orgânico, mudando continuamente com os ciclos naturais.
Provocar a experimentação das mudanças sazonais tão esquecidas na vida contemporânea. Deslocar o tempo convencional para deixar renascer um tempo dilatado, não pragmático onde os espaços habilitem a morosidade da contemplação do natural. Conceber uma arquitetura que reinvente o entorno positivamente e nos permita habitar mais em contato com o meio ambiente.
A busca pela beleza imperfeita, impermanente e incompleta remete à estética wabi-sabi. A beleza e a serenidade que aparecem com a idade. Uma arquitetura que surge de um processo natural cujas características são a simplicidade, a modéstia, a naturabilidade de suas qualidades materiais e a aspereza autêntica das texturas. Os revestimentos rústicos dos pisos de paralelepípedo e a aspereza das estruturas de concreto armado recebem as marcas orgânicas como um dom. Também a presença da madeira e o crescimento contínuo da vegetação permitem que o tempo embeleze o construído.