Descrição enviada pela equipe de projeto. O convite para projetar a nova loja da Acolá foi recebido com muita felicidade pois, devido aos anos de amizade entre nós e suas criadoras, temos acompanhado de perto a trajetória da marca desde o seu início em 2012. Na primeira visita ao novo endereço, um antigo sobrado de planta triangular localizado há poucos metros da antiga loja, nos deparamos com um lugar afunilado, húmido e escuro, já que haviam apenas quatro pequenas aberturas para iluminar e ventilar todo o espaço.
O desejo de trazer a luz para dentro da loja norteou as primeiras decisões projetuais de substituir uma parte da cobertura, que estava com a estrutura comprometida, por um teto de vidro e integrar visualmente os níveis através da demolição parcial da laje superior. Além de iluminar toda a loja a cobertura prevê a troca de ventilação natural que, somado ao jardim interno, traz um grande conforto térmico ao espaço.
O intervalo dado pelo jardim de pé direito duplo organizou o programa em dois momentos: no primeiro, mais próximo à rua, estão localizados a loja [térreo] e o escritório [mezanino]; no segundo, aos fundos, um núcleo hidráulico que contém todas áreas molhadas, sanitário [térreo] e copa [nível superior]. É no jardim também que os fluxos entre os níveis são organizados por meio da escada e da passarela que cruza o vazio.
Em meio a planta livre da loja, um volume foi estrategicamente posicionado de modo a criar diversos ambientes tais como a área da recepção, das araras e do lounge. O fato dele estar solto, sem encostar no teto ou nas paredes, permite que a circulação entre esses ambientes seja fluída e ininterrupta. Neste volume estão agrupados um estoque auxiliar, um expositor e também dois provadores de portas pivotantes que dividem, integram ou expandem a área de acordo com a necessidade do momento. No mezanino acima, onde todas as paredes foram demolidas, a organização espacial dá-se também através de um outro volume, o grande estoque que divide as áreas abertas [bancada de trabalho e mesa de reuniões] das áreas fechadas [sala privativa e depósito].
Dentre os materiais escolhidos predominam a madeira e o metal. A decisão por utilizá-los em estado natural relaciona-se com as roupas produzidas pela Acolá, que em grande parte são tecidos naturais com técnicas artesanais de tingimento e estamparia. Toda a marcenaria que utiliza peroba rosa de demolição [piso, núcleo hidráulico e provador] assim como partes da serralheria [escada, passarela e arara], foram executadas em galpões do sítio da família no interior, utilizando os maquinários existentes e a mão de obra local.
Na fachada optou-se pela preservação da estrutura original e demolição das alvenarias, abrindo, entre pilares, dois vãos de vitrines e um de entrada. Para vestir essa nova frente, foi proposto um caixilho de perfis metálicos onde a estrutura é englobada para dentro da vitrine. Sobre ele avança uma marquise que protege a vitrine da luz solar direta e abriga aqueles que transitam pela rua em caso de intempéries. Uma outra gentileza urbana também foi prevista pelo projeto: a futura reforma da calçada juntamente da proposta de um banco público e um local para estacionamento de bicicletas.