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Arquitetos: Memola Estúdio, Vitor Penha
- Área: 570 m²
- Ano: 2016
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Fotografias:Tuca Reinés
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Fabricantes: Amarante madeiras, Carbono, Deca, Decameron, Desmobilia, Dpot, FAS Iluminação, JMS, LKT, Labluz, Ladrilar, Lumini, Lustres ypiranga, Micasa, Museu do azulejo, Otis, Panisol, Poeira, Portwer, Primovidros, +10
Descrição enviada pela equipe de projeto. AKQA, agência internacional de publicidade que planejava vir ao Brasil, encomendou ao Estúdio Penha um projeto de escritório com espírito de casa e com o aconchego e alma característicos de nossos projetos. Eram muitos os desafios, uma casa que deveria se adaptar a um grande programa de necessidades para o seu completo funcionamento: espaços para o convívio de clientes, produção, criadores e toda estrutura de apoio. Porém, sua adaptação à nova realidade exigia uma ampliação horizontal e vertical.
A arquitetura do sobrado dos anos 70 foi criada pelo antigo proprietário, com arcos e paredes estruturais em tijolo maciço que queríamos preservar. Os pontos de partida foram: manter a memória construtiva que deveria ser valorizada, integrar os novos volumes aos existentes, criar um jardim que permearia toda casa e pensar em soluções sustentáveis de consumo.
Foi feito um projeto onde a maioria dos cômodos dos dois andares foram aproveitados. No térreo ficam as áreas principais de clientes e apoio aos mesmos, no ambiente externo todos os recuos foram usados como áreas permeáveis criando um grande jardim em volta da casa e no fundo, onde existia a antiga piscina, foi projetada uma arquibancada para projeções de filmes e apresentações de trabalhos. O acesso principal feito por uma caixa de ferro oxidado que dá para a recepção e espaço para exposições possui um pé direito triplo que vai até o teto inclinado e convida o visitante a um olhar curioso para o alto.
O muro da fachada não encosta no chão, a vegetação passa por baixo criando a leveza necessária que equilibra com sua altura. O corredor de distribuição para as salas de reuniões distribui também as tubulações aparentes de toda a infra estrutura da casa e, no fundo deste, encontra-se a sala de reuniões principal - um volume novo da casa, com divisórias em caixilhos de vidro que permitem a contemplação do jardim desde a recepção.
A nova circulação vertical localizada onde era a antiga escada da casa ganhou destaque por ter elementos vazados como degraus e guarda-corpos feitos em tela metálica, ela está entre esquadrias de vidro, uma grande que tem visão do jardim lateral e outra com vista para o pátio interno. Ainda pensando na integração entre interior e exterior foram utilizadas portas camarão, que permitem uma abertura maior, e consequentemente uma ligação visual e física entre as salas e o jardim.
No primeiro andar, com vista para o fundo da casa, fica a área de staff para 40 pessoas. Parte dessa sala possui um pé direito duplo interligado com o refeitório que está no ultimo pavimento e iluminado por grandes caixilhos. Na frente o volume novo em balanço, que abriga as salas de brainstorming, serve de cobertura para a entrada e garagem da casa.
Para o novo andar, dois mezaninos: um abriga a área de lazer que se comunica com a recepção e outro abriga o refeitório que se comunica com a área de staff, tudo integrado por uma grande laje verde com plantas de porte médio. Os acessos a esse jardim externo funcionam através de dois grandes portões de madeira que substituem as paredes e abrem de forma a integrar o exterior com o interior e também criar uma proteção extra para o sol face leste e oeste. Em dias de chuva ou frio, uma pequena porta neste painel permite a circulação.
Foi feita uma cobertura com telha termo acústica inclinada para a face norte, que ajuda no controle da insolação. Na fachada sul um grande caixilho envidraçado permite a entrada de luz natural em todo conjunto através dos mezaninos. Uma escada externa tipo Nova York no fundo da casa, atende as demandas de segurança.
O elemento que traz identidade para este projeto é o patchwork de grades antigas de ferro que funciona como brise soleil para os novos volumes da casa, elas desenham o piso como uma renda feita pela luz do sol da manhã.
Um dos objetivos do projeto é deixar claro e harmônico o contraste entre a casa antiga e as novas intervenções, deste modo, as paredes antigas foram descascadas para deixar os tijolos aparentes. Para as paredes novas internas, usamos bloco de concreto estrutural com paginação linear, contrapondo com a paginação amarrada dos tijolos existentes. Na parte externa as paredes e muretas novas, incluindo fechamento de janelas existentes, foram feitas de concreto moldado in loco. Os vãos das janelas da antiga construção foram conservados, fechados por vidros novos para manter a linguagem de sobreposições entre o velho e o novo.
Foi necessário projetar uma malha complexa de dutos e cabos para passagem de elétrica, hidráulica, iluminação, rede, som, sprinklers, ar condicionado, e isto foi feito de modo aparente, deixando claro a infraestrutura complexa que faz a casa “funcionar”, uma decisão estética que não se restringe a isto, facilita a manutenção.
Os grandes caixilhos tipo industriais de ferro permitem a entrada de luz natural durante o dia e integração constante com os jardins externos e vista da cidade na cobertura.
Novas tecnologias e a consciência com a conservação de recursos naturais do planeta permeiam no projeto. Assim foi utilizado madeira de reuso ou certificada e, materiais que já compunham a casa como paredes e azulejos foram aproveitados. Neste mesmo sentido, o emprego de sistemas sustentáveis como placas solares, recolhimento de água de chuva para reuso e iluminação em led, faz com que a utilização da casa seja feita de forma a minimizar o consumo de energia elétrica e água tratada.
Para a implantação desse projeto, a antiga casa precisou de um reforço estrutural. Optamos por uma estrutura metálica onde os pilares tornam-se além de um importante elemento estrutural, um elemento estético que faz a ligação vertical de todos os pavimentos, elementos novos e remanescentes.
Como a ideia de integração permeia todo projeto, foi preciso pensar também o resguardo da privacidade e a tranquilidade para o trabalho, assim foram adotadas nuvens acústicas nas salas de produção e sala de reuniões principal assim como portas acústicas.
O design de interiores foi montado a partir de 4 fontes: designers que fizeram peças icônicas brasileiras, como Sergio Rodrigues e Lina Bo bardi; designers brasileiros contemporâneos como Jader Almeida, Marcus Ferreira e Felipe Protti, cujas peças conversam diretamente com os primeiro citados; e ainda peças de designers internacionais principalmente mobiliário escandinavo como as cadeiras de Hee Welling; Hans Wegner e luminárias de ícones como Fabien Dumas, Ingo Maurer e Tom Dixon. Completando a proposta, algumas peças foram desenhadas pelo Estúdio Penha cumprindo tarefas específicas do cotidiano da agência, com materiais que mantêm um diálogo direto com as demais peças.
Como a decoração é fragmentada em diferentes cômodos, foi preciso eleger elementos que as fizessem parte de um todo. E isto é feito através das cores e materiais: o ferro natural, a madeira, o couro natural, pedras, mármores e tecidos de tons neutros. Além de se manter uma unidade conceitual e visual, estes elementos não competem com a arquitetura marcante da agência, eles se assimilam e complementam.
Tudo isso resulta em ambientações que tem características locais, mas evitando estereótipos. A decoração une a identidade do modernismo brasileiro aclamado no mundo com peças icônicas conhecidas globalmente, configurando ambientes discretos, elegantes e ao mesmo tempo com personalidade.