- Área: 310 m²
- Ano: 2015
-
Fotografias:Maira Acayaba
-
Fabricantes: Berta, Compass Containers, Equipomaster
Concepção e o acaso
O projeto do Pitico começou com uma demanda diminuta: um take-away de falafel. Para este programa reduzido, enquanto ajudávamos a procurar um imóvel para abrigá-lo, estabelecemos algumas concepções para orientar a identidade visual do pequeno estabelecimento, atreladas à sua futura atividade: miúdo, sucinto, portátil, transportável, elástico, flexível, modular. Na visita a uma pequena casa onde havia a possibilidade do restaurante ser instalado, notamos um estacionamento contíguo abandonado que capturou nossa atenção.
Com a possibilidade de ocupar uma área consideravelmente maior, surgiram novos programas além da cozinha: bar, café, quitanda, escritório e uma praça. O novo terreno árido e a ampliação do programa, no entanto, não nos afastou do conceito inicial modesto, da intervenção ligeira e do princípio modular. Para abrigar todas as operações, escolhemos o módulo pronto do contêiner e idealizamos uma mínima intervenção no terreno: bancos e fundações em concreto, infraestrutura elétrica e hidráulica e um volume de banheiros.
Implantação e resistência
Pensamos na distribuição dos contêineres de forma a conservar a vista da torre da igreja a partir da rua, mantendo um dos poucos marcos que ainda orientam o pedestre no assolado Largo da Batata.
O restaurante, que manteve a sua concepção inicial de take-away, foi disposto perpendicular e em contato com a rua. O bar se esconde no fundo do terreno, numa pequena selva urbana e o escritório foi alçado sobre o café. O contêiner implantado na secção do terreno, totalmente vazado, permite o fluxo de pessoas, garante um espaço coberto e provoca a distinção tênue entre dois espaços: uma praça menor no fundo, mais reservada e repleta de vegetação e uma praça maior de asfalto por onde o tecido urbano invade o lote, possibilitando maiores aglomerações de pessoas.
A casinha que já existia e onde originalmente implantaríamos o restaurante, sediou a quitanda, e as marcas do antigo estacionamentos se não estão visíveis é por conta da vegetação que cresce irrefreável. Assim como a vegetação voluntariosa de São Paulo que, quando encontra solo, cresce exuberante, o projeto é posto a prova com o uso e, muitas vezes, revela urgências da cidade. O pequeno Pitico, para surpresa de todos, foi apropriado como praça, espaço público, aberto e espontâneo.