A Casa Rubens de Mendonça – também conhecida como Casa dos Triângulos, graças à composição pintada em azul e branco em suas fachadas- faz parte de um conjunto de residências projetadas pelo arquiteto João Batista Vilanova Artigas entre o fim da década de 50 e o início de 60.
Projetada em 1958 e finalizada em 1962, a casa evidencia uma série de inovações exploradas ao longo da produção do arquiteto. Com planta retangular, disposta em três diferentes pavimentos com pés direitos variados, a residência tem área total de 215 metros quadrados e é implantada no centro do terreno trapezoidal, com área total de 381 metros quadrados.
No primeiro piso, na mesma cota da calçada, dispõe-se a garagem coberta na lateral esquerda. Ao centro, no projeto original, Artigas conforma uma área semicoberta, com jardins que invadem as bordas do lote, borrando os limites entre público e privado. Na lateral direita, um conjunto de rampas conduz os moradores ao segundo pavimento (o nível social), numa diferença de cotas que não obstrui seus limites visuais à rua. O projeto trabalha com a topografia do lote, através de meios níveis.
O acesso da casa é feito através de um corredor no recuo lateral, deslocando a entrada à metade do volume, de modo que o morador é levado a caminhar pelo espaço, entendendo os limites entre a área construída e as áreas livres ajardinadas. Internamente, os ambientes da área social, em panos de vidro, pontuam harmoniosa integração entre a sala de jantar na mesma cota do piso externo e a meio nível inferior, a sala de estar. Aos fundos concentram-se a área de serviço, com cozinha, copa, lavabo, área de serviço, dormitório e dependências de empregados.
Subindo meio lance de escada chega-se ao nível da sala de jantar e cozinha, Artigas cria um banco em concreto, na mesma linguagem triangular do desenho da fachada, trabalhando-o também como um guarda-corpo.
Com o desenho da escada, o arquiteto estabelece um estúdio no segundo meio lance de escada superior, de modo a propiciar relação aos demais ambientes. Prosseguindo, chega-se ao segundo pavimento.
A variação de cotas entre a área social e íntima, propicia mudanças de pés direito e um dinamismo em corte.
No pavimento superior, um corredor no sentido longitudinal conecta os moradores aos quatro dormitórios estrategicamente posicionados na fachada esquerda, dois sanitários de uso comum posicionados lateralmente na fachada direita e roupeiros, no bloco com projeção maior que o pavimento inferior, com 109,30 metros quadrados, permitindo beirais e proteção às intempéries na área social e de serviço.
O prisma superior ainda dispõe de elementos nas fachadas responsáveis pelo nome da residência: um conjunto de triângulos, com variações dimensionais, pintados de azul e branco, desdobrando-se pelas empenas, vigas e pilares, de tal forma que o volume suspenso age como suporte ao artista, como tela, preenchida por Francisco Rebolo Gonsales, a partir de estudos do arquiteto conjuntamente a Mário Gruber.
Os pilares, com angulações em sua geometria, compostos por triangulações, juntos aos bancos internos e lajes com bordas inclinadas, criam unidade entre os elementos construtivos e painel externo. A identidade assumida pela casa é reflexo da síntese na aproximação entre Arte e Arquitetura
Os maiores painéis concentram-se nas empenas cegas, nas fachadas frontal e traseira, enquanto que nas fachadas laterais há aberturas dos dormitórios, junto a caixilhos pintados em vermelho.
A casa é importante não apenas por incorporar-se ao conjunto de obras residenciais do arquiteto, servindo-lhe como laboratório de experimentações, mas principalmente pela postura assumida em relação às questões que nortearam o projeto, como a geometrização, cor, linguagem e relação entre a rua e objeto construído.
Referências Bibliográficas
Acrópole, nº 282, p 192-195, maio 1962.
BUZZAR, Miguel Antonio. Triângulos e a casa. Uma promenade pela Casa Rubens Mendonça. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/risco/article/view/44682/48305>. Acesso em 01 Outubro 2017.
PETROSINO, Maurício Miguel. João Batista Vilanova Artigas - Residências unifamiliares - A produção arquitetônica de 1937 a 1981. Dissertação (Mestrado). Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - Universidade de São Paulo. 2009. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16133/tde-16032010-090950/pt-br.php>. Acesso em 01 Outubro 2017.
Residência Rubens de Mendonça (Casa dos triângulos). Disponível em: <http://www.arquivo.arq.br/residencia-rubens-de-mendonca>. Acesso em 01 Outubro 2017.
- Área: 215 m²