Descrição enviada pela equipe de projeto. Como construir uma capela em honra a um santo sem cair em reminiscências literais?
Com esta pergunta como ponto de partida começou o desafio de desenhar uma capela em honra ao primeiro santo argentino. A resposta não tardou em chegar, "desenhando como espírito brocheriano, levando em conta os valores e as intenções do sacerdote sem cair em repetições morfológicas".
Primeiramente, o Padre Brochero trabalhava com os pés na terra e o olhar no céu. A promoção social, por ele impulsionada, tinha por objetivo a progressiva conversão dos corações. A capela surge do solo com forma de losango, porém, cada tramo sofre um processo de metamorfose até terminar em um vértice que aponta para o céu. Em segundo lugar, o padre Brochero construiu com técnicas disponíveis no momento e no lugar. Barro, palha e madeira são atualizadas por concreto, aço e alumínio. Em terceiro lugar, o "sacerdote gaucho" confiou sempre nas capacidades das suas "ovelhas", por isso, a capela foi integralmente construída com pessoas do lugar sem importar a complexidade que isso demandaria.
Em uma tipologia religiosa, o simbólico tem um papel primordial na compreensão do espaço sagrado. O primeiro santo argentino, uma pessoa singular, demandava uma capela singular, cuja aparência exterior e interior evidenciasse uma linguagem moderna capaz de comunicar-se com o homem moderno mas com fortes raízes na tradição. A "plasticidade" do concreto armado o torna um material ideal para moldar a morfologia significativa da capela. Dois paraboloides hiperbólicos de 8 cm de espessura se unificam em um só elemento, estrutura, função e espaço. O edifício é complementado com materiais simples e austeros, presentes em qualquer moradia do lugar, além de tijolos, madeira e pedra.
O conjunto de signos completa-se com uma distribuição centralizada e uma metáfora da graça divina. A organização funcional centralizada é mais adequada como evocação da última cena, instituição da eucaristia, origem da santa missa. Cena pascoal na qual os cristãos se reúnem participando todos da celebração ao redor de uma mesa.
Por último, a percepção da luz possui uma forte conexão com a experiência da graça de Deus. Deus é invisível aos nossos olhos, entretanto, sua ação e sua graça enchem nossa vidas. A "fonte" de luz da capela é inacessível à vista, porém, a claridade inunda tudo e o espaço sagrado nos é revelado.