- Ano: 2017
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Fotografias:Iwan Baan , Hufton+Crow
Descrição enviada pela equipe de projeto. O edifício em altura é um importante elemento da cidade contemporânea. Entretanto, acabaram se transformando em objetos arquitetônicos que buscam apenas ser mais altos, reproduzindo uma tipologia e tornando-se anônimos. As típicas torres residenciais, ainda que possam organizar as unidades de forma eficiente, na maioria dos casos, são incapazes de qualificar o espaço útil das próprias unidades. Embora permitam a densificação de nossas cidades, as repetitivas formas extrudadas, resultantes da simples multiplicação de suas unidades, reproduzem estruturas anônimas no espaço urbano sem proporcionar qualquer benefício complementar para a cidade onde estão inseridas. Para aqueles que habitam estas estruturas, esta falta de identidade própria, pode tornar-se relativamente desagradável. O 56 Leonard Street vem de encontro a estas características que emanam de muitos edifícios construídos recentemente. A pesar de suas dimensões, a maior ambição deste projeto é reforçar a individualidade de cada unidade dentro do conjunto.
O projeto foi concebido como uma sobreposição de casas, onde cada uma delas é única e identificável dentro do todo. Uma pesquisa minuciosa dos métodos locais de construção revelou a possibilidade de deslocamento e variação do tamanhos das lajes para criar cantos, balanços e varandas - tudo para proporcionar condições singulares e diferentes em cada apartamento. Em seu embasamento, a torre se adapta à escala e às condições locais específicas da rua, enquanto que o topo da torre procura refletir e incorporar-se ao céu de Manhattan. Entre os dois extremos, o escalonamento e a variação dos níveis são mais controlados e sutis, como o eixo de uma coluna.
Para afastar-se da tendência que os edifícios em altura têm em repetir-se anonimamente, o 56 Leonard Street foi desenvolvido de dentro para fora. O projeto começou com a composição dos espaços individuais, tratados como "pixels" entre as lajes. Cada unidade foi sendo incorporada para criar o volume e moldar o exterior da torre. Visto a partir do interior, esta estratégia revela um espaço repleto de vazios entre as unidades.
Esta estratégia de espaços "pixelados" também pode ser visto na seção transversal do edifício, criando uma grande quantidade de terraços e varandas em projeção. Planejados para evitar confrontos diretos entre apartamentos vizinhos, esses espaços ao ar livre fornecem conexões visuais indiretas entre as pessoas - talvez estranhas - que compartilham o mesmo edifício. Estas unidades autônomas, sobrepostas no céu de Manhattan, formam uma pilha coesa, um bairro vertical, semelhante aos bairros característicos de Nova York, com sua combinação de abertura e privacidade em medidas equivalentes.
O elemento mais visível de qualquer torre é o seu cume, por isso mesmo, o topo do 56 Leonard Street é a parte mais expressiva do projeto. Esta expressividade é um reflexo da composição espacial de seus espaços internos, conformado por dez grandes unidades no ático, com amplos espaços ao ar livre e áreas de estar. Estes enormes elementos são vistos do exterior como unidades superiores, com balanços e deslocamentos de acordo com suas organização interna ou a partir das vistas específicas que se deseja enquadrar, o que, em última análise, define a expressão escultural da torre.
Por outro lado, a base da torre procura se relacionar diretamente com o caráter singular de Tribeca. Região de Nova Iorque caracterizada por uma ampla variedade de escalas - desde pequenas residências até grandes blocos industriais e os onipresentes arranha-céus do centro da cidade. Justapondo "pixels" de vários tamanhos, incluindo o lobby, estacionamentos e amenidades, o edifício reflete e incorpora cada uma dessas escalas do seu entorno.
A aparência final da torre é resultante também do processo de investigação sobre os limites dos métodos construtivos simples e familiares. Como um volume, o edifício tem proporções extremas - no limite do que é estruturalmente possível - e dada a sua projeção relativamente pequena, é excepcionalmente alto e esbelto. O edifício também revela sua "coluna" estrutural e não esconde o método construtivo empregado sobre camadas de revestimento. Pelo contrário, as lajes horizontais de concreto aparente representam o empilhamento das unidades no processo de construção e os pilares aparentes moldados in loco revelam a escala da forças estruturais que elas suportam no interior das unidades. O sistema de escalonamento, deslocamento e composição das unidades torna-se ainda mais dinâmico através de janelas que podem ser abertas em cada unidade. Esta característica incomum de edifícios em altura, também permite que os moradores controlem diretamente a circulação de ar no interior das unidades.
Juntas, essas diferentes estratégias - pensar o edifício de dentro para fora, adaptar-se às diferentes escalas e explorar ao máximo o potencial dos sistemas construtivos utilizados - se refletem em um projeto onde apenas cinco das 145 unidades são repetidas. Além disso, nenhumas das lajes é igual, proporcionando aos seus habitantes um projeto único, caracterizado por elementos de individualidade dentro do conjunto geral.