- Área: 283 m²
- Ano: 2017
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Fotografias:Leo Giantomasi
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Fabricantes: Arte Luz Iluminação, Ecocasa Tecnologias Ambientais, Graniart Mármores e Granitos, Nova Casa Porcelanatos e Revestimentos, Personalizza Esquadrias de Alumínio e PVC, Vidromix Vidros
Descrição enviada pela equipe de projeto. Nos últimos anos, vem se tornando comum em cidades do interior de São Paulo uma tipologia residencial conhecida como "padrão condomínio". Códigos de obras internos bastante restritivos quanto a recuos, números de pavimentos e técnicas construtivas forçam a adoção de recursos projetuais cada vez mais similares, o que se reflete em uma homogeneidade certas vezes empobrecedora de linhas e estilos. Nessa residência, localizada em Piracicaba (160 km de São Paulo), o cenário inicial era semelhante: terreno estreito, necessidade de largos recuos, impossibilidade de aproveitar a cobertura como terraço visitável, obrigatoriedade de muros laterais, entre outras regras. Somando-se a isso, os diálogos iniciais com os clientes (um casal recém-casado) apontaram para uma casa com características pouco autorais, seguindo uma arquitetura mais prática do que extravagante. Idealizavam, acima de tudo, uma construção confortável, bem ventilada e iluminada, com uma distribuição de ambientes racional e que favorecesse a integração de espaços.
Desenhar uma casa que respeitasse esses parâmetros iniciais, observando todas as normas do loteamento e sem sucumbir a uma estética espetaculosa ou a soluções construtivas não-ortodoxas foi o desafio desse trabalho. Como equalizar essas diretrizes sem cair, ao mesmo tempo, numa vala comum em termos de estética e soluções construtivas? Basicamente, buscou-se atribuir a este projeto um senso de movimento. Algo capaz de se contrapor à rigidez dos recuos obrigatórios e das linhas ortogonais das construções vizinhas, conferindo uma personalidade natural à casa. No pavimento térreo, onde estão os ambientes de estar e lazer, o conjunto de alvenarias mais significativos foi rotacionado em 45 graus, tomando o devido cuidado de não extravasar a projeção do pavimento superior nem se desencontrar da malha estrutural (ortogonal).
Isso permitiu criar uma sensação dinâmica para as fachadas, ao mesmo tempo que gerou situações mais inusitadas quanto à distribuição e comunicação entre ambientes internos. O pavimento superior, que abriga os ambientes íntimos, constitui-se em um bloco de linhas perpendiculares construído no limiar dos limites laterais e frontal do terreno, incorporando a cobertura da garagem. A rigidez das linhas retas nesse caso foi intencional, facilitando a distribuição dos ambientes e o andamento da obra, além de buscar um contraste geométrico com o pavimento térreo. O conceito de movimento para o pavimento superior foi então trabalhado através dos painéis ripados móveis, instalados nas varandas faceando a alvenaria externa.
Constituídos de alumínio, permitem um controle da luz e de privacidade, além de conceder às fachadas destaque em termos de dinamismo e cor. Para atender o desejo dos clientes por uma casa clara e bem arejada, foram desenhados grandes vãos de janelas e portas, além de uma claraboia retangular sobre a escada, que permite suprir a casa de luz e ventilação naturais. Se o exterior da casa é caracterizado por uma estética limpa, sem adornos e marcado somente pela força dos volumes geométricos; em contraponto, a estética interna da casa resultou de uma colaboração ativa dos clientes durante as fases de especificação. Definidos em comum acordo, materiais e tons de cores foram de encontro aos gostos pessoais dos clientes, aproximando o projeto da construção inicialmente desejada pelos proprietários.