Escola Secundária no Camboja / Architetti senza frontiere Italia

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Kaoh Rung, Cambodja
  • Equipe: Camillo Magni, Elisabetta Fusarpoli, Paolo Garretti, Filippo Mascaretti, Marta Minetti, Sabrina Suma, Marco Tommaseo
  • Coordenador: Camillo Magni
  • Coordenação Da Construção: Marta Minetti, Elisabetta Fusarpoli
  • Colaboração: Architecture for Humanity, Building Trust International
  • Cidade: Kaoh Rung
  • País: Cambodja
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Escola Secundária no Camboja / Architetti senza frontiere Italia - Imagem 17 de 35
© Bernardo Salce

Descrição enviada pela equipe de projeto. Em 2012 o escritório Architetti senza Frontiere em conjunto com a Association Missione Possibile se juntaram para construir uma nova escola secundaria na vila de Roong, província de Takeo a 50km ao sul de Phnom Penh, em uma área rural que está enfrentando a industrialização. 

Esta organização trabalha no Camboja desde 2005 em projetos envolvendo educação e saúde. Anos atrás eles construíram a escola primária da mesma vila, o que acarretou na necessidade de construção de uma escola secundária, para que os alunos possam dar continuidade aos seus estudos. 

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O edifício tem 62.80 x 10.20 m e está implantado no limite de uma das faces do lote, deixando o restante do terreno livre. Os banheiros foram alocados de forma a sinalizar uma futura expansão da área da escola, que pretende utilizar a área externa para oficinas educacionais, separando o espaço livre em dois diferentes pátios: um grande e outro menor que possa servir como espaço de aulas externas. 

O projeto foi uma oportunidade de praticar a hierarquia espacial a partir do programa de uma escola. Do ponto de vista tipológico, o edifício apresenta estrutura linear, com as salas de aula dispostas ao longo de um corredor. 

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© Bernardo Salce

O projeto se atentou aos elementos que definem e separam os diferentes espaços da escola: As salas de aula, circulação e jardim. Se a sala de aula é um espaço de ensino, os corredores são espaços de encontro e sociabilização, os quais, na pedagogia moderna tem bastante importância. 

Por conta disso, o projeto valoriza esse espaço para além da função de distribuição de fluxo. O corredor, que é aberto formando uma longa varanda com mais de 3 metros de comprimento e 5 metros de pé direito. Dois espaços de estar, abertos, são incluídos ao longo deste corredor e entre as salas de aula. Durante as estações chuvosas ou os meses mais quentes, o corredor se torna um espaço de estar, para encontro e descontração. A valorização do corredor como espaço de encontro é também representada por uma perspectiva morfológica e simbólica: a varanda e a sequência de aberturas são os elementos que mais caracterizam a linguagem da escola. 

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Planta - Térreo

O projeto foi uma oportunidade de pensar quais as possibilidades de conexão entre a sala de aula e o corredor. A visita à escola por Giancarlo Mazzanti em Cartagena de las Indias trouxe novas ideias. Nesse edifício, as paredes da sala de aula são feitas de uma malha pré-fabricada permeável de cimento, que transforma a percepção de dentro da sala de aula, trazendo leveza à fachada. 

Nessa mesma ideia, tentamos suavizar a separação entre sala de aula e corredor, usando uma série de painéis fixos de bambus. Nós substituímos a alvenaria tradicional com uma barreira mais permeável que favorece o contato visual entre os estudantes e o exterior da escola, aumentando a troca entre ensino e sociedade. 

Cada painel tem 3.6 x 1.7 metros e tem densidades diferentes de vedação, sendo mais intensa na altura dos olhos das crianças quando sentadas. Esses painéis também permitem ventilação cruzada entre os espaços. 

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Além disso, a separação entre a varanda corredor e o jardim foi objeto de debate. Uma sequência de paredes com tamanhos diferentes, organizadas regularmente de 2.3 metros em 2.30 metros, define um limite entre ambiente interno e externo. 

O objetivo é construir uma fachada permeável e irregular que afete a percepção visual, permitindo mais visualidade nas áreas comuns e sociais, e menos nas salas de aula. 

Ao mesmo tempo que as fendas dos painéis de bambu sugerem uma imaterialidade entre os ambientes, por outro lado estes elementos de intensidade variada são dispostos entre o interior e o exterior, levando a varanda a se abrir para a área externa e se fechar para as salas de aula. 

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Construção e materiais

Com a proximidade com o mundo ocidental, somado à abnegação da pobreza e às novas formas de colonialismo, no Cambodja, assim como em muitos países em desenvolvimento, muitas técnicas tradicionais de construção foram substituídas por métodos construtivos ocidentais, que carregam uma ilusão de riqueza e prosperidade. Com o passar do tempo, telhas, alumínio, aço e cimento substituíram materiais locais e tradicionais. 

Em nosso projeto, nós queríamos experimentar usar materiais locais, como terra e bambu, de forma contemporânea com o uso de técnicas industriais, ao invés de técnicas tradicionais, buscando a racionalização do processo de produção.  

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Nós tivemos a rara oportunidade de projetar, em conjunto com os trabalhadores locais e associações como Building Trust International e Habitat for Humanity, todas as quatro etapas de construção: material, elemento, componente e sistema construtivo. 

A princípio tentamos entender qual seria o melhor material, identificando o tipo de solo mais apropriado e a plantação de bambu mais próxima. Começando por estes materiais, nós projetamos o bloco de terra secado ao sol e as vigas de bambu de forma que pudessem ser "industrializadas' e facilmente reproduzidas utilizando mão de obra não especializada. 

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© Bernardo Salce

A partir destes materiais, projetamos os componentes construtivos separadamente, como as paredes e vigas, para depois estuda-los como um sistema único. 

Examinando cuidadosamente os edifícios de Glenn Murcutt, nós pensamos em um edifício que fosse uma estrutura contínua que permitisse diferentes formas de uso não dependentes dos aspectos físicos. 

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Detalhes

Isso facilitou a padronização do sistema estrutural, bem como sua produção. 

Na fundação, a malha de aço foi substituída por uma malha de tiras de bambu pregadas apoiada sobre uma camada de poliuretano que a separa do solo. 

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Os blocos de terra de  30 x 15 x 10 cm foram confeccionados com auxílio da instituição Habitat for Humanity, com uma forma metálica que permite a confecção de 16 blocos de cada vez, buscando simplificar e agilizar a produção. 

Os blocos foram assentados com argamassa de cimento e têm um sistema de endurecimento vertical de arame pelo qual passam cabos de aço de 8mm de seção que conectam a fundação à viga superior, como um pilar. (As formas de madeira são elementos construtivos que requerem mão de obra especializada)

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Na cobertura nós usamos uma estrutura de suporte em bambu recoberto de painéis de fibrocimento. Foram utilizadas 28 vigas de bambu com 11 metros para compor a estrutura com dois diferentes comprimentos, 6.60m nas salas de aula e 3.30m na varanda. 

Para testar a capacidade de carga, projetamos uma viga composta por três bambus presos por barras roscadas. As vigas de bambu são conectadas entre si por suportes de ferro. O forro, feito de folhas de palmeiras cria um colchão de ar, funcionando como isolante térmico, ao mesmo tempo que suaviza o ambiente interior. 

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Finalmente, escolhemos trabalhar com reboco de duas maneiras diferentes: Na área externa utilizamos uma massa de argila com cimento e pigmento colorido para aumentar a impermeabilidade devido às chuvas torrenciais, enquanto na parte de dentro utilizamos argamassa de cal. 

Considerando o conforto térmico, algumas estratégias simples foram empregadas: Primeiro, o edifício tem a cobertura inclinada e orientada para o norte, diminuindo assim o angulo de incidência do sol.  

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A ventilação foi tratada com cuidado: O pé direito interno é alto e favorece a saída do ar quente, enquanto que o uso de elementos vazados, como os painéis de bambu, facilitam a ventilação horizontal. 

As paredes da varanda protegem o interior do sol, produzindo um microclima que faz a transição entre ambiente externo e interno. O fibrocimento de 12mm utilizado na cobertura, não é um dos materiais mais efetivos para o isolamento térmico nas áreas tropicais, mas comparado com telhas metálicas se mostram mais eficientes. 

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Apesar das salas de aula sofrerem com os ventos durante os períodos de chuva forte e também enfrentarem problemas de iluminação por conta disso, elas funcionam positivamente durante os períodos de calor extremo , sendo bem ventiladas e frescas.

A escola custou aproximadamente 64 mil euros, incluindo os banheiros, e tem uma área de 740 m². 

Escola Secundária no Camboja / Architetti senza frontiere Italia - Imagem 34 de 35
Corte

Tentando chegar em uma porcentagem, acreditamos que 75% dos materiais utilizados vêm do território, sendo os elementos de construção como a estrutura, as paredes e a cobertura foram construídas utilizando os materiais locais enquanto que o aço e o concreto foram utilizados somente na fundação. 

A associação Missione Possible, nosso parceiro e beneficiário neste projeto, aceitou o desafio de experimentar uma nova forma de escola porque acredita que isso faça diferença no ensino. Agora depende deles utilizarem os espaços dando significado e fornecendo aos jovens cambojanos um novas oportunidades.  

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Galeria do Projeto

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Localização do Projeto

Endereço:Vila M'pai pier, Camboja

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Localização aproximada, pode indicar cidade/país e não necessariamente o endereço exato.
Sobre este escritório
Cita: "Escola Secundária no Camboja / Architetti senza frontiere Italia" [Secondary School in Cambodia / Architetti senza frontiere Italia] 10 Jan 2018. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/885052/escola-secundaria-no-camboja-architetti-senza-frontiere-italia> ISSN 0719-8906

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