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Arquitetos: Ramos Castellano Arquitectos
- Área: 600 m²
- Ano: 2017
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Fotografias:Sergio Pirrone
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Fabricantes: Perenz, Through Hamac.Fr
Descrição enviada pela equipe de projeto. No meio do Oceano Atlântico, na ilha de São Vicente em um lugar bastante ventilado onde só chove em Agosto, um guia francês decide construir um hotel para receber os turistas que vem fazer trilhas nas montanhas da ilha de Santo Antão.
O guia comprou uma antiga casa colonial no perímetro do centro histórico e pediu aos arquitetos que a casa fosse parte integrante do projeto do hotel. Seus clientes ficam na ilha usualmente por 2 ou 3 dias, passando pelo hotel antes de pegar o barco para a ilha de Santo Antão. Normalmente, o hotel é um dos primeiros lugares que seus clientes se hospedam na África. O escritório RamosCastellano Arquitectos se inspirou na mesma lógica de implantação de seu entorno, adaptando as unidades separadas à morfologia local.
O escritório RamosCastellano Arquitectos se inspirou na mesma lógica de implantação de seu entorno, adaptando as unidades separadas à morfologia local. Para isso, decidiu-se separar os edifícios e integrá-los ao ambiente construído, criando, com as estruturas rochosas existentes o caminho aos quartos e preparando os clientes para seu próximo destino: Santo Antão. Cada bloco está de frente para diferentes vistas, da cidade e da baía. As varandas foram desenhadas de acordo com o padrão do movimento solar e têm vedação onde há insolação direta durante o dia, além de formarem um espaço protegido para aproveitar a vista.
O vento, que normalmente vem do deserto do Sahara na direção nordeste, é suavizado pelo bloco com o restaurante. Todas as aberturas do edifício são estudadas para garantir a ventilação cruzada e um sistema passivo de climatização. As soluções empregadas são simplificadas se adaptando à falta de materiais e recursos da ilha, aplicando somente o que é simples e essencial para satisfazer às necessidades básicas sem se preocupar com preocupações superficiais. Boa parte dos componentes são feitos com mão de obra local, do acabamento do piso, à mobília, na tentativa de distribuir a economia da construção para além do edifício e para dentro da comunidade local.
Os materiais utilizados nas fachadas permaneceram brutos, como a madeira para a varanda e o cal para os edifícios brancos, contrastando com os fatores naturais agressivos do local como a maresia, o sol e o vento. Materiais recicláveis, placas fotovoltaicas nas coberturas e sistema de reuso de água para irrigação enfatizam o viés ecológico do projeto. Os blocos construtivos, por exemplo, são feitos de pedras do terreno, ou ainda o portão é feito de metal reciclado dos barris de petróleo, o qual é utilizado localmente para fazer portas e outros objetos artesanais.
O mobiliário, assim como a iluminação, também foi projetado pelos arquitetos, utilizando técnicas locais e materiais como a madeira, e cabos de aço reciclados. A antiga casa colonial é a sede da agencia de turismo, enquanto nos outros edifícios se distribuem 12 quartos de hotel, mais uma suíte e um bar restaurante suspenso por pilotis. A cobertura da casa colonial tem uma abertura zenital, que marca a área onde os hóspedes comem seus cafés da manhã e assistem ao por do sol. O percurso entre os dormitórios do hotel e este restaurante acontece por uma ponte que integra o projeto.