Publicamos, na semana passada, o resultado para o Restauro, Modernização e Ampliação do Museu Paulista, no bairro do Ipiranga, em São Paulo. O concurso propunha a ampliação do edifício com novas áreas de acolhimento, exposição, auditório, loja, café etc.Também era necessário adequar o edifício para seu pleno funcionamento: restauro, instalações, acessibilidade universal, etc. Para atender ao proposto foi montada equipe multidisciplinar que atendia tecnicamente às necessidades do projeto. Conheça, abaixo, o projeto completo da equipe que recebeu o segundo lugar, composta pelos escritórios Pires Giovanetti e Guardia e Metropole Arquitetos.
O projeto de intervenção no Museu Paulista parte da compreensão de necessidade de ampliação de áreas técnicas e de um novo acolhimento que incorpore as necessidades atuais e permita plena acessibilidade. Para isto propõe-se um novo eixo de circulação que atravessa o Parque da Independência. Nas suas extremidades são desenhadas novas praças, que integram o Jardim Francês, a esplanada do Museu e o novo programa. É a partir deste eixo que o projeto de intervenção se organiza, marcando claramente os novos acessos e reforçando a monumentalidade do acesso pelo saguão principal.
Assim, ocupa-se a esplanada frontal do edifício inserindo no território esta intervenção com uma delicada interferência nos elementos existentes. Se por um lado não se pretende esconder ou camuflar a intervenção contemporânea, por outro fica evidente a intenção de um diálogo respeitoso entre as novas propostas e o edifício monumento.
O edifício, uma importante obra da arquitetura e engenharia do final do século XIX, é um referencial urbano simbólico – Parque da Independência + Museu Paulista formam um conjunto que configura e qualifica seu entorno. Na escala aproximada, do pedestre, dos usuários cotidianos do Museu e do Parque observa-se um reconhecimento do valor deste conjunto pelo seu valor cultural, ambiental e urbano.
Novo Eixo
Este novo eixo proposto respeita a simetria do edifício monumental. Suas extremidades, na cota do parque terão desenho que evidenciam os novos acessos do museu na cota do jardim com o desenho de duas praças que preservam o arruamento original do Parque. Na cota superior da esplanada a rua proposta fica marcada pela diferença de material de piso em relação ao restante da área. Utiliza-se vidro translucido que durante o dia é uma singela marca. À noite, a iluminação do pavimento inferior ilumina a cota superior, como uma lanterna, marcando a intervenção contemporânea.
Desta forma, o novo acesso funciona de forma similar e paralela às duas vias laterais do edifício existente sem eliminar ou competir com sua a entrada monumental.
Entende-se que o desnível entre o Jardim e a Esplanada do Museu, configurado a partir de um muro de arrimodeve ser preservado como limite importante para a configuração de ambos os espaços. A necessidade de remoção do aterro para instalação dos novos programas também se apresentou como uma possibilidade de evidenciar a técnica construtiva e a engenharia daquele momento.
No ponto médio do percurso encontra-se a nova área de acolhimento do público. No setor oeste a nova sala de exposições, no setor leste os serviços internos. Desta forma, pode-se separar a circulação de público e de serviço, caso estas estejam acontecendo concomitantemente.
Circulações e Acessibilidade
São propostas três novas prumadas de circulação vertical dentro do edifício monumento:
Duas prumadas simétricas, implantadas na área das torres que conectam o novo embasamento, térreo, 1º 2º pavimentos por escada e elevador. As escadas existentes, de madeira – seja por sua condição estrutural, seja pela demanda de novas escadas - são reforçadas permitindo seu uso de forma controlada.
Um conjunto de escadas rolantes complementa a conexão entre o embasamento e o edifício monumento. Em função do desnível entre as cotas são necessários dois lances de escada que terão o patamar na cota do subsolo do edifício permitindo a passagem, e visualização das fundações do edifício.
Uma terceira prumada implantada no corpo central conecta térreo, primeiro pavimento e a nova sala multiuso/mirante proposta.
Este novo sistema de circulação permite variadas formas de experimentar o edifício, desde um fluxo continuo e direcionado até a possibilidade de circulação livre e aleatória, ficando principalmente em função da proposta de museografia/expografia.
Arquitetos
Localização
Av. Nazaré, 481 - Ipiranga, São Paulo - SP, 04263-000, BrasilArquitetos Responsáveis
Anna Helena Villela, Juca Pires e Silvio OksmanEquipe
Vito Macchione, Ariel Somekh, Maria Beatriz Aves de Souza, Bruna Lima CaraccioloColaboradores
Beatriz Vicino, Luiza NadaluttiConsultores
Ana Paula Hirata Tanaka (preservação de acervos) Antônio Sérgio Damasco Penna (fundações) Azarias Macedo Junior (Instalações elétricas/spda) Carla Castro de Paula(orçamentos) Cássia Schroeder Buitoni (programação visual) Deborah Arjona Tomé (consultoria bombeiros) Fernanda Carvalho Ferreira Villares (iluminação) Flavio Correia D'Alambert (estrutura metálica) João Batista Dumangin (estrutura concreto/reforços estruturais) Marta Aparecida Tomaz (instalações eléticas/bombeiros) Roberto Akio Hattori(climatização/instalações mecânicas) Tatiana Gentil Machado (programação visual)Ano do projeto
2017