- Área: 70 m²
- Ano: 2016
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Fotografias:Luis Beltrán del Río
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Fabricantes: Novaceramic
Descrição enviada pela equipe de projeto. O Templo Umbral é o primeiro elemento construído pela congregação Hare Krishna estabelecida na região desde o ano 2012, e se localiza a dez quilômetros da comunidade de Cuerámaro, no estado de Guanajuato.
Consiste em um primeiro passo físico para plantar a presença da comunidade e refletir seu esforço ao construir uma obra de maneira participativa e seguindo seus princípios.
A encomenda da comunidade consistia em um conjunto que reúne seus requisitos e a ideia de que fosse desenvolvido de forma progressiva, em várias fases, sendo a primeira a mais importante, a construção do templo. A partir disso, o restante do conjunto seria desenvolvido.
O agrupamento Hare Krishna mantém uma filosofia não-lucrativa que condicionou um orçamento reduzido de trezentos mil pesos mexicanos destinados à construção do templo. Durante o processo, a comunidade havia recorrido a outros escritórios de arquitetura para a elaboração do projeto, sem sucesso em poder concretizar uma proposta acessível e congruente.
Para resolver o projeto arquitetônico, partimos do entendimento da comunidade Hare Krishna para desenvolver uma estratégia. Essa consiste em um minucioso estudo de um sistema construtivo intuitivo que garante uma capacitação necessária quase numa da comunidade para construir o edifício e abater os custos de mão de obra. A execução deixaria um vestígio da colaboração sem que fosse difícil para os participantes lembrar da parte feita por cada um na construção.
Na estrada de acesso, surge um caminho estreito de Tezontle que conduz ao final a uma parede de tijolos que distingue o processo da construção. O templo rodeado por vegetação não é completamente legível, a não ser a partir do ponto da praça, onde se abre. O desenho se concentrou no espaço interno com a intenção de viabilizar que a fachada da praça pudesse se abrir completamente, ou, inclusive, desmontar os caixilhos para transformar a praça em uma extensão do templo diante de um maior número de usuários. Desta forma, o espaço funciona como um limite que ajuda a observar a natureza como uma imagem distante.
Baseados no funcionamento dos jardins Zen, as paredes, coberturas e espelho d'água ajudam a demarcar o contexto. Evitar aplanar o interior conduziu a um desenho acertado em três termos: Sobriedade do espaço que reflete a austeridade da comunidade, evidenciar a mão de obra colaborativa e o aspecto cromático em tons amarelos dos materiais selecionados que coincidentemente são parte das cores que distingue ao rito dos Hare Krishna.
O funcionamento do espaço pode variar dependendo do evento, com um altar duplo, um colocado no interior e adornado por meio da luz de vitrais na cobertura, e outro como representação da natureza.
As paredes foram projetadas em forma triangular com o objetivo de acentuar a perspectiva, e foram construídas com divisórias envidraçadas e acabamento em concreto, a laje é formada por pequenas vigas de concreto e abóbodas de cerâmica aparente, com janelas de ferro e pisos e portas de madeira de pinheiro, o edifício mostra uma imagem baseada na estética da degradação e imperfeição, transmitindo um processo anedótico de apropriação.