- Área: 58 m²
- Ano: 2016
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Fotografias:Onnis Luque
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Fabricantes: Helvex, Kommerling, Masluz
Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto da residência L deriva da necessidade de criar uma nova conexão para os dormitórios de uma moradia existente no Vale de Bravo, em um entorno natural muito bonito. Até o momento as habitações eram acessadas através das outras e, por isso, os proprietários não se sentiam cômodos para convidar amigos já que não podiam oferecer-lhes certa intimidade. O projeto inicial incluía também um novo volume independente de dois pavimentos que funcionava como um apartamento com sala, dormitório, banheiro e pequena cozinha.
Propusemos resolver ambas coisas com um único elemento. Uma curva que conectava a antiga casa e o volume novo conformando uma nova circulação, um caminho que é comprimido e ampliado a medida que é percorrido. A intersecção dessa linha com a preexistência propiciava um acesso lateral à residência e, portanto, algumas mudanças internas na disposição do dormitório e banheiro principais que foram totalmente reformulados. Aqui foram utilizados materiais locais fabricados artesanalmente tratando de reformulá-los de um modo contemporâneo.
Finalmente, o volume autônomo foi postergado e decidiu-se construir apenas a conexão. De algum modo o projeto ficou reduzido a um corredor sobre planos inclinados. E isso nos pareceu ainda mais interessante.
Relembramos as palavras atribuídas à Alejandro de la Sota: o arquiteto sempre dá lebre por gato. Em Fabrizio, Espanha, existe um ditado: "dar gato por lebre", já que durante a guerra civil se servia gato cozido dizendo que era lebre (o que, desde então, significa enganar alguém para dar algo pior do que a pessoa está comprando). Essa frase, portanto, significa justamente o contrário: dar lebre por gato é dar à alguém algo melhor que está sendo comprado.
Refletimos sobre como as novas necessidades de comunicação entre os ambientes foram modificando, ao longo da história, o desenho básico de uma casa. E em como um programa normalmente subvalorizado, como uma simples circulação, pode converter-se em muito mais, como acontece com as escadas da Praça Espanha em Roma, por exemplo.
Esse novo espaço introduz, por um lado, um novo ponto de fuga e uma nova lógica de fluxos na antiga residência. Por outro lado, é uma experiência em si mesma, fundamentalmente através do tratamento da luz com uso de claraboias que valorizam as texturas do tijolo. Isso sugere um momento para contemplar o exterior, o jardim, desde um semi-interior que, por estar sobre uma inclinação, abre-se ao exterior de diferentes maneiras.
Criamos assim uma segunda fachada para a residência que se desconecta da original, com a memória da primeira curva traçada, para permitir que muitas coisas aconteçam entre ambas.