- Área: 1400 m²
- Ano: 2015
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Fotografias:Juan Francisco Vargas
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Fabricantes: Hunter Douglas, Budnik, MK
EXIBIR O CARÁTER PÚBLICO DO EDIFÍCIO
O projeto nasce como parte do programa estatal de Centros Culturais e Infraestrutura para as comunidades do Chile que, possuindo mais de 50.000 habitantes, não possuem infraestrutura pública deste tipo.
O Centro Cultural se localiza na comunidade aos pés da Cordilheira dos Andes de Lo Barnechea, em uma zona residencial em crescimento, e até 2012 de pouco equipamento e comércio.
Considerando o sentido "Cultural" do projeto, a existência de uma praça pública no edifício vizinho, a diversidade própria da comunidade em termos de tipologias construtivas (entre arquitetura tradicional e contemporânea), a geografia do entorno (de vales e montanhas), a diversidade sócio-econômica, entre outros fatores, planejou-se a criação de um espaço (vazio) de convergência e integração como centro do edifício, um lugar que exacerbasse o caráter público do edifício, onde fosse possível integrar o habitante e o agente cultural, um lugar onde as diferenças fossem matizadas pela coesão social e a participação de todos, uma praça pública "interna" onde a atividade cultural ocorresse de forma livre e cotidiana, com alguns atuando e outros presenciando, e tornando os espectadores participantes indiretos das atividades culturais.
Assim, o próprio projeto é a justificativa para criar este vazio, que se conforma pela interação dos dois volumes opostos: por um lado, um volume embasamento, de pedra, firme, arraigado na terra e suas traições, que convida ao visitante e o acolhe; de outro, um volume suspenso, contemporâneo, etéreo, que, com sua sombra, configura e delimita o vazio ou praça central e conforma a fachada urbana do edifício.
Sob essa mesma lógica, cada volume recebe um programa diferente, enquanto o primeiro no pavimento estão localizados os programas mais públicos e de difusão (auditório, sala de exposições, cafeteria, etc.) e no segundo pavimento estão as áreas de formação como oficinas de artes musicais, plásticas, cênicas, culinárias, etc.
O projeto se abre para a rua e para a praça vizinha, reforçando a ideia de um lugar público, enquanto o volume suspenso se sustenta em um conjunto de pilares, simbolizando habitantes, usuários e o público do edifício, entendendo que sem eles o edifício não teria sustentação.
A materialidade do edifício foi definida para cada volume. O embasamento é de concreto armado revestido em pedra, enquanto o volume suspenso é uma ponte formada por estrutura metálica e laje pós-tensionada.
Assim como sob o volume suspenso está a praça pública, sobre o volume embasamento se dispôs uma cobertura verde que, além de ser o pátio para as oficinas de formação, permite que a encosta entre no projeto, aumentando a sensação de amplitude do edifício.