- Área: 65 m²
- Ano: 2017
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Fotografias:Felipe Palacios
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Fabricantes: ELECTROMETAL, TEKNOMUEBLE
Descrição enviada pela equipe de projeto. O Salão do Café está localizado dentro de uma fazenda cafeeira Frajares em Nanegalito, Província de Pichincha, em uma área a 1.700 metros de altura - com condições climáticas peculiares - que permite o cultivo de variedades de café com requintado sabor e aroma. Nanegalito é um lugar mutante e dinâmico, complexo e indeterminado. O microclima do noroeste de Quito forma um entorno único onde, em um determinado momento, pode estar ensolarado e, poucos minutos depois, é coberto por uma densa neblina e imediatamente depois cai uma chuva torrencial. A fazenda desfruta de uma condição topográfica extraordinária. Ela encontra-se na parte mais alta da região, situação que favorece as vistas para as cadeias montanhosas dos Andes e para a costa equatoriana.
Através do percurso pela plantação, que se desenvolve em uma série de colinas com inclinações pronunciadas, há o desejo de contar uma história de sensações em torno da experiência do café: os processos de produção, colheita, pós-colheita, secagem, torragem e moagem. Mas a degustação do café necessitava de um lugar especial dentro da fazenda.
Desde o início, a ideia foi introduzir um elemento arquitetônico singular e volumétrico de pequena escala, que se conectará em diferentes níveis com essa experiência do café. O Salão revela a paisagem como um mirante coberto, um refúgio que convida a apreciar o entorno. O edifício foi implantado cuidadosamente em uma área alta onde começa uma inclinação negativa, paralelamente a uma fileira de árvores existentes que conferem sombra e abraçam o novo volume.
O Salão é composto por somente um volume alongado que se separa gradualmente do terreno. Isso obedece uma razão dupla: as condições climáticas locais e a sensação de levitação desejada sobre o cafezal. A parte frontal é um espaço aberto e transparente. As telas laterais e pivotantes, elaboradas com uma delicada carpintaria, esfumaçam os limites do interior e do exterior e permitem desfrutar de vistas interessantes da plantação e da cordilheira circundante. Por outro lado, os elementos de serviço foram dispostos na parte posterior que correspondem à uma área fechada de banheiros e mesas de apoio. O espaço resultante é versátil, pronto pra acolher o programa requerido desde o salão de degustação, cafeteria, restaurante, mirante e sala de aula.
As soluções arquitetônicas locais foram interpretadas em um processo construtivo meticuloso. As articulações entre os acabamentos foram feitas por meio de um aparelho complexo com diferentes materiais - aço, madeira, concreto - onde a proteção contra a intempérie era um objetivo primordial. Por um lado, o sistema estrutural de aço foi devidamente modulado para seu transporte e instalação no terreno, procurando otimizar a quantidade de elementos utilizados. A medida de 120 metros foi uma constante modulação tanto do aço como da madeira. As peças de madeira encaixadas e travadas articulam-se com chapas de aço dobradas, sem deixar os cantos expostos no exterior. No interior, a cobertura leve e inclinada foi revestida com chapas desenhadas para que não existam desperdícios.
Além disso, o Salão contempla a separação da água da chuva e da água cinza. A água da chuva é aproveitada na plantação enquanto a água cinza é direcionada a um biodigestor.
O Salão do Café é o primeiro passo de uma estratégia mais ampla planejada para a fazenda. O cafezal contará com uma loja-museu, cafeteria e caminhos interpretativos que complementarão a experiência do café.