Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto do mirante da "Pedra Da Ra" é uma iniciativa inserida no contexto de um programa de investimentos municipais que tenta promover as possibilidades turísticas do município de Riveira.
O conhecido ponto para o observação da "Pedra Da Ra" está em uso como mirante desde os anos 80, quando se construiu uma escada de concreto para subir ao topo da rocha e a partir de então tornou-se possível observar dali o horizonte do Oceano Atlântico.
Com o passar do tempo, essa escada original foi se deteriorando e, com isso, foi perdendo todo seu sentido original. O projeto nasce da necessidade da demolição da escada de concreto, agressiva com o entorno e com a própria rocha, para propor uma intervenção de recuperação do estado natural do lugar.
Limpeza
A primeira ação proposta foi de limpeza, primeiro com a retirada da escada original e então com a movimentação de terras e limpeza do entorno de sedimentos e arbustos.
Como resultado dessa limpeza, foram evidenciadas novas formações rochosas que fizeram necessário o replanejamento do projeto original para transformar a proposta em um mirante pontual no desenho de um espaço de origem de diversos percursos de pedestres muito diferentes, tanto para o forte celta próximo -Castro da Cidá- de grande valor arqueológico, quanto para a colina que leva ao parque natural das dunas de Corrubedo.
Sobretudo estamos tentando construir um novo marco que permita contemplar tanto o horizonte do Oceano Atlântico e o parque natural de Corrubedo, quanto a singular formação rochosa que dava origem a seu nome -Pedra da Rá-, mas principalmente propondo o monte da Cidá como um espaço natural único por seu passado arqueológico e seu valor paisagístico.
Materiais
Como resultado de um sentimento de busca pelo pertencimento, o projeto se baseou fundamentalmente no uso de materiais da região, sobretudo o granito silvestre de uma pedreira local, a pedreira do Confurco localizada a cerca de 10 km, e na reutilização de lajes de pedra vellas e pedras de calçada igualmente recicladas de outras obras de pavimentação de alguns dos caminhos. Essa escolha permitiu gerar uma intervenção de baixo custo e pouca manutenção.
As plantas utilizadas para a vegetação são do tipo rasteiras, localizadas no monte próximo e replantadas no entorno da Pedra Da Ra.
Dada a natureza da pedra escolhida, de granito silvestre e vegetação das plantas rasteiras, o espaço resultante será em seu conjunto um lugar de nenhuma ou pouca manutenção.
Resumidamente, o projeto propõe uma transformação fundamental, passando de ser um espaço centralizado no visual, em um ponto concreto, para ser um espaço de percursos, origem de trilhas e movimentos diversos que permitem contemplar a natureza de diferentes pontos, mas sobretudo para andar por ela e senti-la através de vários sentidos por meio de suas texturas, sons e cheiros.
Definitivamente, o projeto tentou reforçar o movimento contra o estático e recuperar o tátil para além do visual, gerando um conjunto de caráter diverso, onde a natureza é a protagonista e a arquitetura é apenas sua moldura.