Casa Springstream é um projeto de reforma de uma casa abandonada localizada na aldeia de Fuding, a primeira vila do país a receber incentivo governamental contra a pobreza e está situada no vale rural de Fujian, na China.
Inspirado pela paisagem local, o projeto tem como objetivo trazer a casa de volta à vida, assim como uma árvore que depois de fincar suas raízes no solo, se desenvolve e se espalha pelo terreno.
Depois da reforma, a antiga estrutura de madeira em ruínas com seus dois pavimentos e um galpão de ovelhas contíguo transformou-se em uma nova pousada de 275m².
Considerando a paisagem natural como principal elemento de orientação do projeto, todos os espaços foram pensados a partir das possíveis perspectivas em relação às montanhas no horizonte e em como a arquitetura se insere na paisagem criando novas relações com a natureza.
A antiga parede de dupla de tijolos na fachada leste foi completamente preservada de modo a manter a altura e forma original do projeto. Do lado de fora do térreo há um pátio coberto configurando um tradicional "dougong" ondulado.
A inusitada curva da estrutura de madeira do beiral chama à atenção como um suspiro de novidade na tradicional paisagem de Fujian.
Esta proposta criativa faz referência aos tradicionais telhados inclinados dos jardins de chá do sul da China, integrando-se sutilmente na paisagem local marcada por sua sinuosa paisagem montanhosa.
O projeto também manteve os principais detalhes da antiga estrutura de madeira com seu tradicional sistema de encaixe "macho e fêmea", substituindo peças quando necessário e reconstruindo todo o fechamento externo da mesma maneira.
A maioria dos elementos foram resgatados no local junto à antiga construção em ruínas, reconstruído a casa a partir de sua própria materialidade, desde os painéis de madeira às portas e esquadrias.
Para o interior, as mudanças de materiais são bastante sutis, permitindo uma melhor circulação dentro do espaço ao mesmo tempo que transforma e atualiza o ambiente da casa.
O piso de concreto calandrado com linhas curvas de latão direciona os visitantes através do espaço de uso comum para a área compartilhada entre a cozinha e o salão de chá à direita, e finalmente o pátio coberto ao fundo.
De acordo com a tradição local, a cozinha é considerada o "coração" da casa, aqui concebida de forma aberta para acolher à todos os hospedes e visitantes.
Como em um trabalho de prospecção, decidimos edificar esta nova casa sobre a base sólida do passado, reconstruindo-a segundo os métodos locais e tradicionais. Ao mesmo tempo, procuramos modernizar o espaço segundo o estilo de vida atual, considerando novas tecnologias para o conforto de seus usuários.
A sala de chá está conjugada com o espaço da cozinha: podendo ser separadas ou incorporadas através de uma janela que a sua vez, pode ser utilizada como uma bancada. Além disso, inserimos novas aberturas para favorecer a iluminação e a ventilação natural da casa.
A partir das mais variadas estratégias passivas de controle de temperatura. Utilizando diferentes aberturas segundo a direção dos ventos sazonais, é possível aumentar a convecção de ar facilitando o resfriamento passivo e desumidificação dos espaços internos.
O salão de chá abriga ainda uma espécie de sala de jantar do lado oeste, a qual está equipada com uma grande mesa, enquanto o lado sul é reservado para o chá. A forma do telhado e a sua orientação foram concebidos para melhorar as condições de conforto ao longo do ano.
A mesa de chá é feita a partir de uma pedra da região - "Fudingblack", instalada e fabricada diretamente no local. O bambu e a vegetação nativa foram utilizadas no caminho entre a casa de chá e a pousada. As lâmpadas do jardim foram feitas no local com uma espécie de bambu nativo.