- Área: 5800 m²
- Ano: 2016
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Fotografias:Fernando Guerra | FG+SG
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Fabricantes: CIN, Cerâmica Vale da Gândara, Technal
Descrição enviada pela equipe de projeto. A pacificação de Angola e a subsequente estabilidade económica permitiu o início do desenvolvimento e da reconstrução urbana. Ao princípio exclusivamente centrada em Luanda, foi-se progressivamente estendendo a cidades do interior, como o Lubango, capital da província da Huíla. Esta pequena cidade, fundada no início do século XX, é uma das grandes referências do urbanismo colonial português em África. Este pequeno edifício multiusos está localizado numa zona consolidada, adjacente à praça principal da cidade e rodeado por alguns edifícios do período modernista de notável qualidade, ainda que muito delapidados.
Com 9 pisos, e em conformidade, o edifício consta de um programa misto de habitação, escritórios e comércio, servido por um estacionamento comum em cave. No piso térreo, uma galeria comercial exterior coberta e com ventilação natural gera um espaço público sombreado e fresco, permitindo uma acessibilidade direta às frentes de loja, aos átrios diferenciados de habitação e escritórios e a um pequeno jardim-esplanada nas traseiras. Acima existem, respectivamente, 4 pisos de escritórios, 3 de habitação simplex, e os 2 últimos em duplex, incluindo variantes de T0 a T3 e duplo pé-direito. A cobertura é ocupada com arrecadações, tratamento de roupa e zonas técnicas.
O conceito construtivo tem por base um sistema de robustez capaz de garantir um edifício sólido e simples, com grande durabilidade e baixa manutenção. O módulo de varandas reentrantes permite não apenas o ensombramento natural decorrente da sua profundidade, mas também criar zonas técnicas ventiladas e visitáveis para a climatização. A espessura decorrente, constituída por uma densa alvenaria de tijolo maciço, é interrompida por lajes de betão (concreto) que funcionam como lintéis contínuos. Esta expressão tectônica é reforçada quer pela materialidade, cor e textura do tijolo, quer pelo seu aparelho ao cutelo (soldier-and-header course), evocativo da riqueza dos barros manuais africanos.
Por fim, a estratificação desta materialidade é enfatizada pela pintura branca nos lintéis de betão e nas caixilharias de madeira. Antecipando um longo período até que os vizinhos construam junto às empenas cegas a noroeste e sudeste, optou-se também nestas por manter a mesma alvenaria com um aparelho reminiscente dos recessos nas fachadas principais.