- Área: 525 m²
- Ano: 2016
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Fotografias:Haruo Mikami
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Fabricantes: Alcoa, Arte ofício, Cinex, Lumini, Talentus Esquadrias, VidroClean
Descrição enviada pela equipe de projeto. O setor habitacional onde foi construída a residência MR caracteriza-se, predominantemente, por uma sucessão de casas de médio e grande porte implantadas majoritariamente na parcela frontal dos lotes. Essa ocupação sistemática e, sobretudo, desatenta à topografia e à escala de um bairro essencialmente residencial, consolidou uma estrutura edilícia densa e muito compacta junto à maioria das ruas do condomínio.
Diante desse cenário, a necessidade de se romper com esse contexto urbano pré-estabelecido nos pareceu inevitável. A ideia, aparentemente paradoxal, de se construir uma residência com aproximadamente 600m2 que pudesse ser identificada não pela grandiosidade de sua dimensão, mas justamente pela ausência dela e, em especial, pela discrição de seu desenho, revelou-se como uma das alternativas mais desafiadoras e apropriadas à situação. As estratégias projetuais foram, portanto, direcionadas no sentido de eleger o vazio, o espaço não edificado, como o grande protagonista do partido arquitetônico.
Com vistas a alcançar o objetivo proposto, implantamos a casa ao longo de uma das extremidades do terreno e liberamos, no sentido oposto, o espaço necessário para a construção do vazio que articula e integra, ao mesmo tempo, todas as atividades da residência. Nele, o paisagismo inaugura os locais de convivência e de lazer. Tanto as áreas sociais, distribuídas ao longo de todo o pavimento térreo, como as áreas íntimas, localizadas no pavimento superior, foram deliberadamente planejadas em torno desse espaço que assume o caráter de maior relevância do projeto, prontamente reconhecível, inclusive, a partir da rua. Todos os ambientes se abrem para ele como se dele fizessem parte.
Os limites entre exterior e interior são tênues e sutilmente delimitados pelas esquadrias. O olhar do expectador percorre sem dificuldades todos os ambientes da casa amparados pela visualização constante da área verde que se presta como uma referencia de orientação espacial e sensorial quando da permanência e deslocamentos no interior da residência. A compreensão do espaço é igualmente facilitada pela permeabilidade visual favorecida pela integração espacial.
A topografia foi cuidadosamente modificada para estabelecer uma relação tectônica consistente entre o objeto construído e o terreno. A residência repousa delicadamente sobre o solo. Estabelece-se, portanto, por meio de alterações delicadas de corte e aterro do terreno um diálogo franco e harmônico entre a obra e o sítio que corrobora, igualmente, com a adequação das proporções da residência com vistas a obter uma escala apropriada e condizente com a área residencial. A intenção foi estabelecer uma linguagem arquitetônica que possibilitasse uma fácil apreensão do objeto edificado. Volumes simples, concisos, austeros e sobrepostos, delicadamente implantados no terreno, definem a expressão plástica da residência.