- Área: 150 m²
- Ano: 2017
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Fotografias:Adam Gibson, Jordan Davis
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Fabricantes: Britton Timbers, Craig Howard and Sons, Cutek
Descrição enviada pela equipe de projeto. Este acampamento, ou krakani lumi, que significa espaço de descanso, está localizado na Tasmânia, no Parque Nacional Noroeste.
Projetado a pedido das lideranças aborígenes locais, o lugar beira o limite norte da Bay of Fires e serve como espaço de acampamento para as duas noites de uma trilha guiada de 4 dias pelo parque, saindo de wukalina – Mt William, e chegando em larapuna - Eddystone Point. O programa pedia acomodações para dois guias e mais dez pessoas. É a primeira caminhada deste tipo que é totalmente de propriedade e operado pelo Aboriginal Land Council.
A chegada na área ocorre a partir de uma duna de praia intocada dentro da mata rasteira da costa, rica em flora e fauna. Discreto, o acampamento é envolvido por um bosque de banksia marginata, um tipo de arbusto que esconde as acomodações. Revestida com uma madeira carbonizada, as acomodações surgem como pavilhões discretos, se camuflando no local quando não está em uso. O exterior destas acomodações são robustos e resistentes a maresia. Quando estão abertas, seu interior de madeira abobadada fica exposto.
A proporção e a materialidade desses interiores derivam dos abrigos tradicionais da Tasmânia. Feitos de galhos arqueados e pedaços de casca, o interior destes antigos abrigos eram cobertos com desenhos de motivos circulares e representações das constelações feitos com carvão, enquanto que suas aberturas ampliavam a experiência de habitar um espaço maior. A construção servia como mecanismo para contar histórias sobre a cultura local, funcionando como uma forma de iniciação cultural e espiritual na natureza. Esta tradição das narrativas segue como parte importante para o krakani lumi. A partir da descoberta do interior, uma história de revelação e ocultação é contada, completando esta experiência cultural. O exterior carbonizado protege a narrativa interior e garante as condições necessárias para a comunidade aborígene contar sua história.
As acomodações foram implantadas e projetadas procurando minimizar o impacto na flora e fauna nativa. Foram projetados módulos individuais, que depois foram construídos e posicionados no local correto. Durante o processo, foram feitas pequenas perfurações nas cavidades das paredes, para permitir a ocupação de espécies endêmicas da fauna local, como aves ou marsupiais.
Além dos sacos de dormir, a acomodação é complementada com peles de cangurus, conhecidas tradicionalmente como 'reore', e o espaço é aromatizado com óleos essenciais da maleleuca ericifolia, uma flor local tradicionalmente utilizada para auxiliar no sono.