- Ano: 2017
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Fotografias:Iwan Baan, Shuhe, Alex Fradkin
Centro Cultural
Uma casa de leilão é um espaço híbrido entre um museu, uma galeria e um shopping que engloba comércio e cultura. A casa de leilão conecta passado, presente e futuro, além de celebrar e dar continuidade ao conhecimento sobre história e tradição, promovendo um palco para valores culturais, respeito e responsabilidade, estima e visibilidade, beleza e significado. Os leilões atraem e reúnem as pessoas, funcionando como espaços sociais voltados para a apreciação da arte e da cultura. O espaço se torna um catalizador social para a troca de cultura e funciona como uma casa para a arte em seu sentido mais amplo: para quem pratica, os artistas, e para quem as detém, os colecionadores.
Museu
No centro do Guardian Art Center, um espaço de 1700 m² sem colunas funciona como espaço expositivo, permitindo o máximo de visibilidade e versatilidade, enquanto que áreas de exposição no segundo pavimento prolongam ainda mais o museu. No subsolo, duas grandes salas de leilão, que também podem ser expositivas,oferecem um ambiente mais formal e completam as diferentes tipologias que garantem variedade nos espaços do museu. As pequenas salas interconectadas que envolvem o centro do edifício acomodam serviços e programas de suporte, liberando os espaços centrais dessas funcionalidades secundárias.
O edifício organiza e acomoda eventos seguindo o calendário dos leilões, mas para a maior parte do tempo, ele expande seu programa cultural com exposições temporárias, simpósios e eventos diversos, funcionando como um museu público e privado com uma missão cultural e educacional.
Na borda das salas centrais se concentram galerias menores e programas de suporte. A construção é levada entre a neutralidade e a especificidade, combinando aspectos dos dois, promovendo ao mesmo tempo espaços grandes que são flexíveis e outros menores, mais íntimos, interconectados voltados para obras distintas e específicas.
O edifício nasceu como uma máquina para eventos e exposições. Os dois grandes espaços sem colunas estão sobrepostos no centro e permitem múltiplos usos. Aberturas e esquadrias simples, porém versáteis, promovem a adaptabilidade desses espaços. Os dois salões criam um pátio transversal no meio do edifício, na escala de um hangar, onde tudo pode acontecer.
Espaço de Arte Híbrido
O Guardian Art Center representa um novo espaço híbrido para uma instituição cultural que transcende a noção tradicional de espaços de arte contemporânea. Combinando o layout de exposição e a forma de apresentação das obras nos espaços museográficos com a capacidade multifuncional das exposições e salas de leilão, o projeto permite qualquer tipo de uso e garante o acontecimento de qualquer tipo de evento.
A integração perfeita entre os vários restaurantes e um hotel com 116 quartos no anel mais externo do edifício, com vistas para a Cidade Proibida, cria um conceito abrangente de estilo de vida centrado na experiência da arte e da cultura. Somando a isso espaços educacionais na 'torre central' e departamentos de conservação de obras de arte no subsolo, o Guardian Art Center se coloca como o primeiro projeto customizado de um complexo de casas de leilão do mundo.
Localização
Localizado próximo à Cidade Proibida, na No. 1 Wangfujing Street, cruzamento com a Wusi Avenue, o complexo projetado para a casa de leilão mais antiga da China está localizado na intersecção entre comércio, da rua Wangfujing e cultura, da Wusi Avenue. Incluído no tecido histórico do centro de Pequim, o edifício forma uma nova instituição entre museu, espaço de eventos e centro cultural.
História e Modernidade
Como resolver o eterno debate entre o novo e o antigo? O histórico e o moderno, o contraste da arquitetura em suas diferentes escalas e linguagens? Este projeto se concentrou na questão de como sintetizar a presença e os valores do passado com as potencialidades e realidades do contemporâneo. O projeto cuidadosamente insere o edifício em seu contexto, com uma abordagem sensitiva que combina história e tradição com a visão contemporânea de um espaço cultural e artístico. Os volumes 'pixelizados' na parte de baixo do edifício fazem uma sutil referência ao tecido histórico de seu entorno, reiterando as texturas, cores e escalas dos becos de Beijing, conhecidos como 'hutongs', ao mesmo tempo que acrescentam mais uma camada histórica no tecido urbano.Com formato de uma alça, que cria um pátio interno ao edifício ao mesmo tempo que se relaciona com as típicas casas com pátios de Beijing, a parte mais alta do edifício responde à escala de seu entorno contemporâneo.
Combinando as duas escalas, a íntima e a monumental, e criando uma diversidade de espaços provindos dessas estruturas, o volume se integra ao seu sensível entorno e se afirma na cidade de Beijing por sua presença impositiva e sua sutil monumentalidade.
Práticas Chinesas
A fachada deste projeto assume um papel importante na sua expressão cultural: materialidade, cor e textura estabelecem uma correspondência com os símbolos chineses e seus significados.
O anel mais alto do projeto é feito de tijolos de vidro grandes que contrastam com a textura de hutongs e pátios do entorno. Como contraposição aos motivos imperiais da Cidade Proibida, o tijolo representa a sociedade civil e seus valores de humildade, dentro da cultura Chinesa. As pedras cinza da parcela mais baixa do edifício são perfuradas com uma série de aberturas circulares, geradas a partir da projeção de uma das obras chinesas mais importantes, Dwelling in the Fuchun Mountains. Essa perfuração cria um filtro de luz sutil através da silhueta de uma paisagem abstrata.
O Guardian Art Center cria um novo destino cívico para as artes e para a cultura, que resguarda a troca, o estudo e a apreciação de artefatos artísticos e atividades. Ele funciona como um veículo que dissemina a cultura, sendo um novo centro para a arte no coração de Pequim.