- Área: 117 m²
- Ano: 2017
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Fotografias:Aslam Ibrahim Castellón Maure
Descrição enviada pela equipe de projeto. Construir em Cuba é um exercício complexo. Para um arquiteto é um desafio, seja pela ausência de materiais, pelos custos elevados ou pela negativa em empreender propostas contemporâneas. Um arquiteto cubano é uma figura utópica, seu trabalho não é necessidade, nem estética, nem conceito. Em meio a esse contexto hostil, Albor desafia a realidade porque acredita que desde o interior da crise a arquitetura pode renascer.
Assumir o desenho de uma moradia que cumpra com todos os requisitos necessários, que sobressaia dentro do contexto e que utilize os materiais mais acessíveis é um desafio; especialmente devido aos materiais acima mencionados que são frequentemente considerados recursos para os mais necessitados.
Nesse encargo, em particular, foi proposto desde o início que o valor final do imóvel deveria duplicar a quantidade investida entre a compra do lote e sua execução.
Consultou-se vários gestores imobiliários para conhecer os requisitos predominantes nas moradias adquiridas ultimamente. A indagação estabeleceu como indicadores fundamentais a localização no entorno do Centro Histórico, a existência de garagem, pelo menos um dormitório e banheiro no primeiro pavimento, a unificação de espaços, um pátio multiuso e, independentemente da quantidade de dormitórios e sua localização nos pavimentos, que cada um contasse com banheiro privativo. Demanda-se também que na moradia possam conviver duas famílias de maneira autônoma e que a casa permita a realização de alguma atividade econômica.
Para a concretização desses objetivos concebeu-se um imóvel que - mesmo não cumprindo com todas essas exigências devido às particularidades do lote (4x15 metros) - permitisse, dependendo das características do comprador, uma fácil readequação sem desarticular a edificação a partir de supostos interesses.
Foram utilizados recursos como situar um acesso de pé-direito duplo, uma claraboia no centro do lote que atravessa três níveis e um pátio posterior para garantir o conforto ambiental de cada um dos espaços da residência. Ao mesmo tempo, priorizou-se a materialização de uma estrutura que respondesse aos interesses iniciais, a sua possível reforma, e que reduzisse os gastos em revestimentos. Para isso, foram utilizados rebocos em cimento no banheiro e cozinha, pisos de cimento, acessórios exteriores de alumínio fundido artesanalmente e acessórios interiores de cortiça. Por fim, projetou-se uma moradia de três níveis que compreende uma planta livre no primeiro (onde está localizada a zona pública), uma área privada para dormitórios no segundo e terceiro com dupla funcionalidade entre terraço - com excelente vista - e lavanderia.
Albor vale-se desses elementos - em um princípio por necessidade - porque sua gestão e implementação converteu-se em sua opinião estética para defender um estilo e uma arquitetura viável e econômica. Essa moradia é uma mostra do que hoje defende e define o escritório.