- Área: 226 m²
- Ano: 2017
-
Fotografias:CreatAR Images
Descrição enviada pela equipe de projeto. O escritório Wutopia Lab foi convidado pela Bienal de Shenzhen para reformar os edifícios NO.4 e NO.5.
Localizado em Dameisha VIllage, este vilarejo urbano é uma favela chinesa. Com o projeto, os arquitetos têm como objetivo quebrar o limite entre a cidade e o vilarejo.
O desejo mais básico do ser humano é o de existir e viver.
A partir de pesquisas e reflexões, os arquitetos entenderam que as cozinhas públicas são, em sua maioria, comandadas por cozinheiros homens, enquanto que as mulheres comandam as cozinhas familiares.
A Casa Dele
Escolhemos pintar a fachada da casa NO.5 de azul, cor que simboliza sobrevivência e competição. O interior da residência se refere às pinturas de Matisse, com as paredes na cor verde e o teto e o piso em azul. O edifício NO.5 tem três ambientes e um lavatório público. A forma triangular aparece na porta e na maçaneta, como um padrão que reforça a masculinidade desta construção.
O instinto de sobrevivência força as pessoas a desenvolver a habilidade de preservar comida por mais tempo. A partir disso os seres humanos inventaram o bacon e o vinho, além do sal que também é um artifício importante. Nesta casa destaca-se este instinto de sobrevivência, colocando esses artifícios como objetos de exposição. Há uma sala secreta branca com iluminação zenital e o piso coberto de sal para discorrer sobre a história das salinas. Os ambientes revelam o tema "Floresta de Carne e Piscina de Vinho".
A Casa Dela
A sensitividade e delicadeza, muitas vezes referidas às mulheres, se contrapõem à violência resignada à masculinidade, criando uma dualidade que se transpõe para o edifício a partir do contraste entre a cor azul da Casa Dele e os diferentes tons de rosa da Casa Dela.
As reformas dos edifícios NO.4 e NO.5 mantiveram as aberturas originais, que foram feitas de acordo com as necessidades dos antigos moradores, em épocas diferentes. Essas aberturas irregulares criam uma dinâmica única para a fachada, enquanto que as portas persianas se tornam grandes janelas envidraçadas se abrindo para a praça e permitindo uma troca entre os ambientes interno e externo.
O pátio é coberto por um sal rosado que contrasta com a casa azul NO.5 antes de adentrar a casa rosa, NO. 4. Reforçando a característica feminina dada a esta construção, um padrão semicircular se repete nas portas e maçanetas conectando diferentes espaços. Os arquitetos optaram por fazer aberturas nas paredes originais propondo espaços que se conectam livremente. O conjunto de aberturas causa um sensação labiríntica para o visitante.
A cortina que cobre a fachada implica na introspecção feminina, criando uma nova camada na frente da antiga varanda.
A Casa do Desejo é um manifesto do vilarejo na cidade, em uma tentativa de regenerar a vila e recriar a relação entre ela e urbano a partir do uso de materiais locais e originalidade. É bruta, mas cheia de vitalidade. As cores representam o feminino e o masculino, resgatando os materiais de isolamento do passado.