B Garden / 3andwich Design / He Wei Studio

Curadoria de 韩爽 - HAN Shuang

Arquitetos: 3andwich Design / He Wei Studio; 3andwich Design / He Wei Studio
Área: 920 m²
Ano: 2017
Fotografias:Weiqi Jin, Meng Zhou

Contexto do projeto: Uma estrutra incrustada na Montanha
Localizado no povoado de Xin, província de Henan, este projeto é a principal estrutura construída no Parque Nacional das Montanhas Dabie, uma importante porta de entrada para as trilhas naturais que sobem a montanha.

O terreno do B Garden situa-se no alto de uma pequena colina e ao pé da montanha. As estruturas estão implantadas em ambas margens do rio que atravessa o acampamento. Como em uma típica paisagem chinesa, a situação da encosta proporciona vistas que se abrem para ampla paisagem ao sul enquanto o rio flui naturalmente pelo terreno. A nova estrutura foi projetada para substituir uma série de casas que encontravam-se em completo estado de abandono.

Vista da parte oeste do salão de chá. Imagem © Weiqi Jin

Uma pousada bucólica
Inicialmente o proprietário e os arquitetos divergiram sobre alguns aspectos do projeto. O cliente esperava por uma organização que proporcionasse o maior número possível de quartos, enquanto os arquitetos defendiam a ideia de disponibilizar um maior número de atividades à serviço do camping. Após uma avaliação do projeto como um todo, ambos lados gradualmente chegaram a um consenso: em vez de uma simples pousada ou um amontoado de edifícios de uso coletivo, as novas estruturas serviriam a diversos usos, incluindo quartos, um café, uma casa de chá e um auditório, bem como um espaço de meditação. Entretanto, estas funções não encontram-se isoladas, muito pelo contrário, elas estão interligadas e conectadas por uma rede de espaços de uso comum.

Os edifícios adquiriram um caráter “complexo” incorporando a ideia de um lugar "bucólico" que faz referência não apenas à paisagem montanhosa de Dabie, mas também às atividades que abriga, desde o agro-turismo mais tradicional até atividades menos óbvias como escaladas e meditação. Ao invés de servir apenas como uma pousada familiar, o B Garden foi concebido como um ambiente bucólico e divertido.

Espaço
Devido às restrições físicas do entorno, o projeto do B Garden consiste em uma série de edifícios horizontais implantados deslocados uns dos outros de modo a melhor aproveitar a área útil do terreno. Os edifícios se conectam através de percursos sinuosos que proporcionam uma série de novas perspectivas a medida que nos deslocamos pelo espaço.

Outros importantes elementos do projeto são os pátios. Os arquitetos acreditam que a sua relação entre os espaços abertos e fechados é uma das mais importantes contribuições da arquitetura vernacular chinesa para a arquitetura contemporânea. Assim, os percursos criados através dos espaços interiores e exteriores servem também para criar uma espécie de diálogo, como uma "intervenção" entre o espaço construído e o natural, sem que nenhum deles sobressaia sobre o outro. Os caminhos não servem apenas para conectar estes dois elementos, mas também para explorar esta relação interior-exterior. Portanto, os pátios servem para criar uma certa ruptura entre cada um dos edifícios, criando uma série de espaços livres e abertos.

Os acessos e percursos não são óbvios. Eles encontram-se ocultos e se revelam à medida que os visitantes se deslocam pelo espaço. A ideia é manter uma certa privacidade e fazer com que os hóspedes descubram os elementos ao longo do caminho, onde estas relações vão se revelando aos poucos.

O projeto da piscina e a maneira com que os arquitetos trabalharam com a luz e a sombra colaboram com a criação de uma atmosfera ainda mais dramática. A paisagem refletida na superfície d'água, a qual se revela a partir de distintos pontos do edifício, incentiva as pessoas a parar, admirar e fotografar esta fusão entre arquitetura e paisagem.

Através das janelas é possível ver os espaços da piscina e da sala de chá. Imagem © Weiqi Jin

Atmosfera
Como a morfologia da palavra sugere, "Bieyuan" não é um hotel butique e tampouco um hotel fazenda, mas um meio termo entre as duas coisas. A atmosfera de "Bieyuan" deve ser leve, mas não em excesso; os dias neste lugar devem ser relaxantes, um encontro entre o homem e a natureza e principalmente, um encontro entre as pessoas, para diminuir a distância que existe entre elas.

Por se tratar de um projeto de arquitetura contemporânea, os arquitetos procuraram desenvolver uma nova tipologia, mas sem abrir mão da aconchegante atmosfera das tradicionais casas chinesas. Por isso o principal material utilizado na construção foi o tijolo vermelho, comumente utilizado na década de 1980. Combinando este material mais tradicional com outros mais modernos criou-se uma sensação de confronto, fazendo que o edifício pareça ainda mais atraente no contexto onde esta inserido.

O interior do edifício é simples e sem ornamentos, expondo os materiais em seu estado bruto e rústico. Assim como desejavam os arquitetos, esta estratégia tem a ver como o nome do projeto - "Bieyuan", o qual deve transmitir a ideia de uma vida simples, longe da rotina caótica e os excessos da cidade.