Descrição enviada pela equipe de projeto. BLOX, como foi nomeado o projeto da nova sede do Centro de Arquitetura da Dinamarca (DAC), é um edifício extraordinariamente multifuncional. A nova estrutura em pleno porto de Copenhague possui uma infinidade de diferentes usos, com espaços expositivos, escritórios e co-working, um café, uma livraria, uma academia de ginástica, um restaurante, vinte e dois apartamentos além de um estacionamento público automatizado no subsolo. Mas não é somente esta rica mistura de atividades que faz deste um projeto especial; Sua principal conquista foi a "redescoberta" da história do próprio terreno onde está implantado.
No passado, antes do terreno ser atravessado e dividido em dois por uma das principais rodovias de Copenhague, uma antiga cervejaria operava no local. Depois de ser desativa após um incêndio, o terreno foi completamente esquecido até que o Centro de Arquitetura demonstrasse interesse em construir sua nova sede no local. Construído como uma ponte sobre a rodovia que reconecta importantes espaços públicos da cidade, o projeto do BLOX é responsável por resgatar o elo histórico entre o distrito do parlamento e a orla do rio, promovendo uma reocupação da frente portuária através de sua programação cultural. Antigas vias urbanas e estacionamentos foram transformados em espaços públicos para os pedestres; aquilo que um dia foi apenas um espaço de passagem, tornou-se um espaço para estar e conviver.
O porto urbano de Copenhague tem uma longa história relacionada com o passado industrial e militar da Dinamarca. Mais recentemente, desde a segunda metade do século XX, a região tem se transformado em uma nova zona residencial e comercial da cidade, abrigando alguns dos mais notáveis projetos de arquitetura do país; além de uma linha do tempo da arquitetura modernista dinamarquesa: monumental e singela.
O BLOX se transformou em um novo ponto de encontro entre a orla do rio, a Praça Kierkegaard e o centro da cidade. Seu volume ortogonal, posicionado ao longo do rio, está deslocado de forma a dar espaço a uma nova praça pública protegida na parte posterior, criando ainda uma nova frente ao edifício vizinho da biblioteca municipal.
Ao contrário da maioria dos quarteirões da cidade - geralmente fechados e inacessíveis - este edifício-quadra é completamente permeável em seu centro, absorvendo a vida urbana da cidade. As vias que atravessam o edifício criam interações inesperadas e imprevisíveis entre o edifício e a cidade, conectando os diferentes museus, bibliotecas e paisagens históricas de Slotsholmen. O parque linear ao longo da orla desce abaixo do nível da água e passa sob a estrutura do edifício, o qual não procura segmentar os espaços, e sim aproxima-los. O antigo playground que ocupava o terreno foi incorporado no novo edifício, como um espaço público parcialmente coberto e com um terraço, podendo ainda ser transformado durante às noites em um cinema ao ar livre, com o edifício atuando como um grande foyer público.
Externamente, o edifício se caracteriza por um empilhamento de estruturas geométricas similares arranjadas de diferentes maneiras. Os escritórios encontram-se no perímetro do edifício e protegidos por uma leve estrutura branca que sombreia as suas fachadas de vidro. As diversas funções do térreo localizam-se em volumes separados, criando uma série de aberturas que configuram os acessos públicos que trazem a vida urbana para dentro do edifício. Os volumes dos apartamentos são como caixas isoladas e recuadas de forma a proporcionar uma maior privacidade. Os terraços acessíveis foram implantados ao redor das aberturas zenitais na cobertura do DAC. As texturas e cores do edifício fazem uma referência sutil aos tons do mar e do cais do porto, sempre presentes na luz que reflete na superfície do rio.
O DAC está implantado no centro do edifício, no coração do BLOX e cercado pelos seus objetos de estudo: habitação, escritórios e estacionamentos. Sua estrutura se organiza através de uma sequência vertical de espaços que permeiam o edifício, partindo do subsolo até o café na cobertura com a sua vista panorâmica sobre o céu de Copenhague.
Sustentabilidade
Diversas estratégias foram desenvolvidas e aplicadas neste projeto, não apenas em termos de economia de energia, carbono e recursos, mas principalmente voltadas aos impactos sociais e econômicos de uma forma mais ampla. A avaliação realizada pela Arup SPeAR® serviu como uma ferramenta de análise do projeto, registrando as consequências imediatas em relação à um conjunto abrangente de critérios ambientais, sociais e econômicos dentro do seu contexto cultural e geográfico.
Os restritos regulamentos para o consumo de energia em edifícios público da Dinamarca, decorrentes do Acordo de Copenhague de 2009, exigem um baixíssimo consumo de energia para a operação dos edifícios, muito menor do que a maioria dos outros países do globo. Desenvolver o projeto de um edifício tão grande e diverso segundo estes critérios, envolveu repensar nossos conceitos de volumetria e de fachada, adaptando novas maneiras para reduzir as emissões de CO2 e incorporar carbono durante a sua construção e operação, bem como pesquisar novas soluções para compensar e neutralizar o uso de CO2. O edifício faz amplo uso de energias renováveis e se encaixa na Classe de edifícios de baixo consumo de energia primária, abaixo de 40 kWh / m2 / ano.
Condições de conforto e de flexibilidade são elementos importantíssimo para a durabilidade do BLOX. O edifício conta com um robusto sistema de isolamento acústico contra os ruídos e vibrações das rodovias vizinhas. As fachadas de vidro proporcionam perspectivas generosas e ampla iluminação dos espaços de trabalho, reduzindo a necessidade de iluminação artificial. Sistemas centrais de iluminação de baixo consumo de energia combinados com luzes de tarefa individuais foram utilizados. Os sistemas de iluminação e o sombreamento da fachada são automatizados e também podem ser ajustados um à um. O edifício ainda conta com uma usina de bombas de calor que utiliza o sistema de aquecimento e resfriamento municipal com base na temperatura da água do mar e a reutilização do calor residual da geração de energia.