- Área: 135 m²
- Ano: 2018
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Fotografias:Leo Espinosa, Carlos Patrón
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Fabricantes: CASTEL, Cemex, Comex, Tecnolite, URREA, Westinghouse
Descrição enviada pela equipe de projeto. Pórtico Palmeto é um edifício multifuncional que surge dentro do que foi o Palmeto (coleção de palmas) do Viveiro de Cholul, um pulmão verde de 2.5 hectares com várias décadas dedicadas à produção e venda de plantas tropicais localizado no coração de Cholul, uma comunidade de origem maia-colonial pertencente ao município de Mérida, ao sudeste do México.
O objetivo geral foi desenvolver uma forma de habitar em contato com um entorno natural e social consolidado, ao mesmo tempo em que fosse um edifício funcional, versátil e inspirador para as atividades que se desenvolvem ali.
A atividade principal que se realiza no complexo é a de ateliê/estúdio de arquitetura; entretanto, os espaços foram desenhados sem qualquer estereotipo relacionado a um ateliê tradicional e foram focados em conseguir que a experiência de trabalhar neles fosse a mais acolhedora e doméstica possível, devido a consciência de ser um lugar no qual se passa grande parte do dia. Para os visitantes, o objetivo foi estabelecer uma conexão sensorial com os valores do ofício arquitetônico-construtivo que promove o ateliê. Como atividade secundária, foram realizadas atividades de caráter sócio-cultural.
O programa é conformado por uma explanada multifuncional permeável, um jardim/caminho pedonal como parte do plano diretor, um pórtico programado com terraços e áreas de relaxamento que também abriga as áreas públicas e privadas, uma sala de estar/jantar, cozinha, um banheiro completo, uma despensa, área de trabalho, um pátio central e um terraço aberto na cobertura com dois banheiros e casa de máquinas.
A construção está situada na parte posterior do terreno por considerações funcionais e de progressividade no plano diretor do qual forma parte e mantem sua visibilidade desde a rua como estratégia de segurança. Sua volumetria é definida a partir de um levantamento de árvores existentes, assim como dos sistemas passivos implementados (abertura zenitais para evacuação do ar quente, orientação com base na insolação, ventilação cruzada, pés-direitos altos, etc). O pórtico conta com uma série de painéis dobráveis de bambu produzido na região, que funcionam também para controlar a insolação, o nível de privacidade e segurança do edifício contra o vandalismo e os furacões.
O sistema construtivo é o mais comum da região, a base de blocos, vigas e placas de revestimento de cimento. As lajes foram coladas com concreto impermeável e estão isoladas termicamente com painéis de poliestireno. As instalações hidrossanitárias separam águas cinzas das negras, que são tratadas por meio de uma caixa de gordura e um bio-digestor, respectivamente. Toda a iluminação é LED e os equipamentos com tecnologia Inverter.
Quanto a materialidade, os acabamentos arquitetônicos são aparentes para reduzir a manutenção. Os pisos são de concreto branco rugoso (com juntas de ecocreto para liberar a umidade do solo), assim como as placas pré-coladas no terreno nas quais o mobiliário fixo foi montado. As paredes e teto possuem um reboco polido que foi pigmentado com o tom da terra do local. A carpintaria foi feita com madeira resistente aos cupins. As esquadrias foram fabricadas com alumínio natural e vidros temperados. Todos os espaços interiores consideram mosquiteiros.
As cores são percebidas nos acessos às áreas públicas e em peças de mobiliário. Estas foram escolhidas a partir de uma gama extraída da arquitetura popular da região por sua capacidade de dialogar com as tonalidades da vegetação pré-existente. Essa última foi reforçada com espécies nativas que atraem aves silvestres, além de espécies aromáticas e de consumo humano presentes no espaço "maia" tradicional. Além disso, foram implementados jardins aquáticos que funcionam como controladores de mosquitos e atraem a fauna. Essas considerações somam-se a gama de sensações intangíveis que podem ser percebidas na edificação.
Sua aspiração é ser uma edificação sincrética capaz de abstrair as qualidades de uma herança arquitetônica regional que vai desde a coerência da arquitetura vernácula maia, a sobriedade e misticismo dos conventos franciscanos e a funcionalidade das fazendas yucatecas (entre outras), para conciliar com as características do momento histórico no qual se situa.