- Área: 43147 m²
- Ano: 2017
-
Fotografias:Joana França
-
Fabricantes: Alcoa, Cebrace, Deca, Docol, Ecotelhado, JOTADOIS, REFAX, Solatube, Trane
Descrição enviada pela equipe de projeto. Parte do plano de expansão da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Campus Fiocruz Ceará é equipamento âncora do Polo Industrial e Tecnológico em Saúde (PITS), implantado no município do Eusébio na região metropolitana de Fortaleza.
O Campus tem como objetivo principal ampliar as áreas de pesquisas laboratoriais voltadas ao desenvolvimento e inovação de fármacos, medicamentos, equipamentos e materiais de saúde, além de realizar pesquisas científicas direcionadas à realidade ambiental e epidemiológica da região e disseminar conhecimento através da oferta de cursos de pós-graduação.
Em terreno de 103.683,00 m², com 18.550,00 m² de área edificada e 43.147,00m² de área urbanizada, o projeto é composto por Bloco de Gestão e Ensino; Bloco de Pesquisa e Laboratórios; Bloco de Infraestrutura, Bloco de Serviços, Auditório, Quiosques de Serviços, Guaritas, Anfiteatro, Bicicletário, Praça Central e Estacionamentos. A setorização no terreno foi definida longitudinalmente, trazendo para cada edificação uma melhor orientação solar e captação de ventilação natural, bem como hierarquização de acessos e fluxos.
O projeto e a obra contam com a certificação brasileira AQUA-HQE (Alta Qualidade Ambiental), emitida pela Fundação Vanzolini e definida como um processo de gestão de projeto que visa a qualidade ambiental de um empreendimento. O Campus da Fiocruz Ceará é um dos primeiros complexos de caráter institucional no Brasil com esse tipo de certificação, tendo sido realizadas diversas simulações energéticas das edificações para obtenção do certificado.
Bloco de Gestão e Ensino
O Bloco de Gestão e Ensino foi idealizado para abrigar as principais atividades administrativas e educacionais do Campus. É formado por escritórios, gabinetes científicos, salas de aula, biblioteca, salas de exposição e áreas técnicas distribuídos em quatro pavimentos. O projeto procurou favorecer a ventilação e a iluminação naturais em todas as áreas de circulação.
Outras iniciativas visando a sustentabilidade da edificação também foram implementadas: salas com controle de temperatura e iluminação automatizadas, coberta com estrutura para receber placas fotovoltaicas, laje jardim, sistema de reaproveitamento das águas para utilização em sanitários, além do controle da insolação de fachadas com aplicação de vidro de alto desempenho térmico e uso de brises. A acessibilidade plena é garantida por rampas e elevadores.
Bloco de Pesquisa e Laboratórios
A edificação de Pesquisa e Laboratórios concentra os principais laboratórios para manipulação de materiais biológicos no Campus. São 26 laboratórios com níveis de biossegurança diversos (NB1, NB2 e NB3), além de módulos de apoio. O edifício foi planejado para garantir a máxima segurança dos agentes manipulados e seus manipuladores através um sistema automatizado de controle de pressão e de acessos. O projeto promoveu a ventilação e iluminação naturais em suas áreas de circulação comum com o intuito de diminuir custos energéticos. As áreas internas possuem controle automatizado de temperatura e iluminação, sendo algumas áreas laboratoriais dotadas de sistema de renovação do ar com filtragem absoluta, seguindo rigorosamente as normas de biossegurança.
No térreo encontra-se o restaurante do Campus, servindo até 600 refeições por turno, com fluxos, manipulação de alimentos, tratamento acústico e renovação de ar projetado dentro dos padrões normativos.
Bloco de Auditório
Com capacidade para 300 espectadores, o Auditório foi idealizado para receber grandes conferências e funciona de maneira independente aos outros setores do Campus. Concebido com um desenho arquitetônico funcional, priorizou níveis de isolamento acústico inerente a esse tipo de edificação. A geometria da sala com área de plateia escalonada, os acessos em diversos níveis e a escolha de acabamentos garantiram acessibilidade plena, atendimento a normas de áudio visual e perfeita propagação dos sons, sendo possível a realização de palestras sem o uso de amplificadores elétricos.
Praça Central
Localizada entre os prédios de pesquisa e de gestão, a Praça possui um eixo central que conduz o visitante da guarita principal ao Auditório e se ramifica em caminhos diagonais que conectam os prédios e equipamentos complementares, quiosques de serviços, anfiteatro e estacionamento interno.
O paisagismo adotou espécies nativas e adaptadas à região e encontra-se aliado ao projeto de irrigação automatizada que promove pouco consumo de água e facilidade na manutenção das áreas verdes.
Espaços de Apoio e Serviço
O bloco de infraestrutura conta com almoxarifado com 12 metros de pé direito, controle de temperatura e umidade, sistema de iluminação por difusão de luz natural (solatube), fachadas e cobertura com uso de proteção termo acústica.
O bloco de oficinas é formado por áreas de manutenção que dão apoio às atividades fins do Campus, bem como a outras áreas, tais como o bloco de gestão e o refeitório para funcionários terceirizados, a central de resíduos, os bicicletários, a estação de tratamento e reuso de efluentes, as docas de carga e descarga, os estacionamentos para visitantes e funcionários, e as guaritas.
Infraestrutura Verde
O termo “Infraestruturas Verdes (IEV)” é empregado em referência a práticas de manejo de águas pluviais que imitam processos ecológicos naturais em oposição às soluções tradicionais de engenharia, as ditas “infraestruturas cinza”. As estratégias de IEV promovem a retenção das águas pluviais, reduzindo os efeitos das enxurradas, retendo a poluição difusa e promovendo a infiltração no solo, contribuindo para a recarga das águas subterrâneas.
A proposta para o Campus da Fiocruz Ceará fundamenta-se na retenção das águas superficiais com aplicação de pisos-drenantes na área externa e criação de jardins filtrantes, de biovaletas e de uma lagoa pluvial para receber e amortecer o destino final das águas. Outra solução adotada foi a laje-jardim para o armazenamento das águas de chuva no topo das edificações, diminuindo o volume de escoamento superficial e aliviando a demanda sobre o sistema de drenagem.
Gerenciamento da Obra
A Fiocruz tem como diretriz a contratação de empresa para acompanhamento, fiscalização e gerenciamento de suas obras. Para a etapa de construção da Fiocruz Ceará, a Architectus foi vencedora de concorrência para gerenciamento das atividades inerentes a esta fase.
O processo de gerenciamento consistiu em acompanhar e administrar os prazos de obra estabelecidos, atender aos custos previstos, garantir padrões de qualidade e desempenho desejados, fazer atender as diretrizes da Certificação Ambiental, além de fiscalizar a execução de todos os projetos conforme especificações dos projetistas. Durante toda a fase de obra, a Architectus manteve profissionais de formações e práticas diversas alocados no canteiro, bem como organizou visitas periódicas dos projetistas.
Fizeram parte do escopo do gerenciamento:
- Análise dos projetos;
- Planejamento do canteiro de obras;
- Elaboração do planejamento físico-financeiro da obra;
- Análise da programação e aquisição de materiais e contratação de serviços;
- Controle e o acompanhamento das atividades executadas (qualidade / custos e cronograma de obra);
- Acompanhamento da fase Execução da Certificação Ambiental AQUA-HQE.