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Arquitetos: Flores & Prats
- Área: 22 m²
- Ano: 2018
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Fotografias:Adrià Goula
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Fabricantes: Saint-Gobain, Weber
Uma ilha
Estar em uma ilha e logo dentro de um jardim, depende de um estado de espírito em que a mente possa entrar em deriva em direção a um lugar pacífico de relaxamento. O jardim em San Giorgio tem uma estrutura em leque, começando do claustro de Palladio até a Laguna. A Capela da Manhã está localizada ao lado de um destes longos caminhos, justo antes deste passeio encontrar a água.
O bosque
A capela se apresenta como uma parede paralela ao caminho. Esta parede tem uma porta, que oferece a opção de se adaptar ao percurso e entrar no bosque, abandonando o destino já conhecido à favor do desconhecido, do risco de se desorientar. A capela se transforma em uma porta de entrada para o bosque, para esta entidade maior à qual pertence: uma cúpula natural formada pelo bosque de pinheiros, dos quais empresta as qualidades naturais, isto é, o cheiro, o ar fresco, os sons e a luz. Tanto o elemento construído quanto o vegetal formam um espaço natural que abraça o visitante e cria um espaço de estar. Trata-se de uma mudança de ritmo, uma mudança na respiração.
De manhã cedo
O local escolhido encontra-se na parte leste da ilha, onde começa a manhã, o que faz com que a capela receba o primeiro sol do dia. Esta capela é um lugar para frequentar de manhã cedo, quando a primeira luz do sol torna-se visível através de um raio de luz que traspassa um óculo em sua parede. A capela da Manhã, capturando a luz do sol em suas paredes, e o bosque da ilha, uma abóboda contínua na escuridão, juntos, estabelecem um espaço tranquilo, um convite a se sentar sozinho ou em grupo.
A capela foi pensada como uma escavação na parede, uma câmara em sua espessura, que contem diversos níveis de luz, um lugar para sentar-se protegido do sol e da chuva. É uma construção compacta, com uma superfície contínua que favorece seu aspecto sólido e primitivo. Esta condição antiga de sua forma e acabamento a transforma em um exemplo intermediário entre um fragmento esquecido de uma construção anterior e uma capela aberta desde o início. Esse projeto se movimenta entre as memórias das ruínas de Villa Adriana e as capelas abertas da América Latina.
Reunião
Uma vez ali, o visitante se depara com o passeio linear. A diferença é que a Capela da Manhã constrói outra perspectiva e um lugar de encontro. A condição aberta de sua entrada da boas-vindas a todo tipo de visitante desta região de Veneza, não impondo uma posição de encontro precisa, mas permitindo uma variedade de encontros. Sentado neste lugar há um duplo foco de atenção: um para a borda da ilha e a Laguna, o outro para o caráter casual das pessoas que se reúnem ao redor, todas reunidas ali devido ao magnetismo da Bienal de Veneza, dividindo uma curiosidade comum, uma coincidência para se celebrar.