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Arquitetos: Memola Estúdio, Vitor Penha
- Área: 535 m²
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Fotografias:Maira Acayaba
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Fabricantes: Acros Coifas, JF Móveis & Decoração, Ladrilar Ladrilhos Artesanais, Palano Metal, Serralheria Sepetiba
Descrição enviada pela equipe de projeto. Nesta casa no bairro Alto da Boa Vista, na metrópole de São Paulo, longe do centro da cidade e com seus 535m², a calmaria está presente na simbiose entre as áreas internas e externas dos volumes que a formam. O programa de necessidades era uma casa para uma cliente com dois filhos pequenos, que contemplasse espaços integrados, incluindo piscina, sauna e varanda de lazer, além de espaço para brincar, um atelier e sala de televisão que poderia funcionar esporadicamente como quarto de hóspedes, mais reservados. A cliente – que havia morado em Nova York – trazia no repertório o desejo de um visual mais industrial, sem perder a conexão com o natural do entorno e com eixos visuais amplos e marcados, razão pela qual procurou o Estúdio.
O terreno de 900m² era desafiador, sendo bem comprido e com declive de 2m, tendo como partido arquitetônico adotado a integração com o jardim do entorno, sendo o ponto de partida a adoção de um telhado inclinado face noroeste, permitindo entrada de luz no quartos, banheiros, espaço de brincar e área social, e que no restante do dia não tivesse incidência direta de sol nestes ambientes. O programa foi distribuído em dois blocos unidos pelo telhado inclinado e com o pé-direito duplo na união entre eles. No bloco da frente, o térreo destina-se as áreas de serviço e atelier (sendo a parte social da casa toda voltada para fundo e laterais do terreno), e no superior o quarto de brincar. No bloco dos fundos, o térreo engloba a área de estar e varanda, e no superior os quartos e escritório. A conexão entre os blocos na parte de cima é através de uma passarela que permite contemplar o pé-direito duplo dos blocos integrados e um visual com grandes caixilhos de piso a teto de ambos os lados.
A adoção de um dos recuos laterais maior do que o previsto pela legislação - explorado como um grande jardim com os espaços sociais, cozinha e quartos voltados para ele – permitiu uma integração maior entre interno e externo. Na área social, as grandes portas de correr de alumínio (material que possibilitou grandes panos de vidro) permitem que esta transição sensorial entre dentro e fora seja quase imperceptível, quando abertas. Para o restante da casa foi adotado caixilho de ferro tipo industrial, sendo utilizado nos quartos, banheiros e na lateral de acesso social da casa, que funciona como uma circulação que conecta todo o conjunto.
Os caixilhos, as tubulações e estruturas aparentes reforçam o visual industrial e estilo explorado pelo Estúdio, tendo a madeira - utilizada tanto no forro quanto em elementos pontuais como portas, piso, escada e corrimão - o papel de contribuir para o aconchego dos ambientes. O uso de peças garimpadas como as luminárias da sala de jantar com pé-direito duplo e os montantes da escada e guarda-corpo, além do aconchego também trazem a delicadeza e estímulo de um olhar mais detalhado ao local, contrapondo com as grandes dimensões e amplitude dos espaços. A casa é um projeto que nasceu para se integrar com o entorno e consigo mesma, explorando a atmosfera voltada para a natureza, que é umas das grandes características deste bairro paulistano.