- Área: 5000 m²
- Ano: 2014
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Fotografias:Steve Hall/Hedrich Blessing
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Fabricantes: ABH, ACM, Alliance Glazing Technologies, Altman Lighting, American Hydrotech, American Stair, Assa Abloy, BASF, Bega, Bison, Bobrick, Carlisle SynTec, ClarkDietrich, Color Kinetics, Construction Specialties, Creative Industries Terrazzo Products, Crossfield Products, Delta Light, Detex, Dex o Tex, +57
Descrição enviada pela equipe de projeto. No começo de 2004 o VDTA foi contratado por Duke Miglin para projetar um hotel com 16 pavimentos na esquina da Lasalle com a Huron, em Chicago. Duke queria empregar um sistema estrutural treliçado e escalonado, algo novo na cidade, buscando, principalmente, velocidade e eficiência na construção. A construção deste hotel começou em 2007, mas o projeto foi prejudicado pela crise de 2008 e paralisou somente com os primeiros componentes de revestimento exterior instalados. Por três anos essa estrutura ficou parada, quase simbolicamente, relembrando uma das piores crises do país: uma monstruosidade no horizonte apelidado de "A Múmia" pelos moradores do bairro.
Em 2011 o grupo Oxford Capital examinou a estrutura e percebeu o potencial das armações de aço escalonadas. Trabalhando em conjunto com o grupo The Gettys, eles desenvolveram um novo conceito de hotel, voltado para um estilo de vida de boutique, buscando aproveitar a estrutura já construída. Com essa proposta, a equipe do VDTA foram novamente contratados para fazer modificações no projeto original, mantendo, porém, as características icônicas de sua estrutura e volume. O hotel abriu as portas em Fevereiro de 2014.
Programa
Percebendo a flexibilidade do edifício construído com um sistema de treliça de aço, proporcionada pelo espaçamento escalonado das treliças, a estrutura não terminada foi facilmente reorganizada para proporcionar 221 quartos para os hóspedes do hotel, spa e um centro fitness, um lobby no térreo e todas as partes de apoio. Além disso, o projeto também estendeu o uso do quarto pavimento em direção ao terraço que fica sobre o estacionamento, criando 1390 m² de terraço que mescla o interior com o exterior. De forma geral, o programa revisado é uma mudança significante da primeira ideia de hotel concebida em 2004.
Partido
A rua LaSalle começa no Chicago Board of Trade, no coração da cidade e chega até o Lincoln Park, uma das localidades mais históricas de Chicago. O projeto do Hotel Godfrey é um argumento a mais no skyline da rua, separando essas duas áreas. É o último marco do centro dessa cidade com passado modernista, antes que o tecido mais contido do bairro de Lincoln Park comece a dominar.
O movimento moderno de arquitetura traz uma tendencia forte de desmaterialização: negar a expectativa da massa do edifício. Esse efeito define um certo senso de que o mundo é indeterminado, ambíguo e traz o inesperado, um ponto de vista que fica cada vez mais atual. Com o passar do tempo o modernismo trouxe símbolos, a planta livre, um balanço, a janela em fita, de forma que o que era antes inesperado, se tornou ordinário.
A intenção projetual do Hotel Godfrey é continuar essa exploração modernista, porém com um olhar mais tectônico em que a justaposição de massas enormes, mas aparentemente sem peso, repousa sobre um esqueleto estrutural equilibrado, reafirmando a condição indeterminada, ambígua dos tempos modernos, o que é um caminho verdadeiramente inesperado. As formas metálicas se deslocam para dentro e para fora revelando o quadro estrutural expressivo, ousado e honesto: um edifício que se conecta ao rico passado de inovação arquitetônica da cidade de Chicago.
Sistema Estrutural
A forma do Hotel Godfrey é uma expressão do sistema estrutural de treliça escalonado inventado por William LeMessurier em 1966. Neste sistema, treliças de aço de alta resistência abrangem toda a largura do edifício e são escalonadas de andar em andar. Os elementos pré-fabricados abrangem desde o acorde superior de uma treliça até a corda inferior de outra treliça no piso acima. Este sistema é muito leve, pode ser erguido rapidamente e tem uma altura de piso a piso baixa.
Também é um sistema que permite flexibilidade interna, dando liberdade para organizar os programas do hotel, em um contexto onde os hóspedes estão buscando por aquele quarto especial que possam satisfazer suas preferências. A partir do embasamento, a forma é escalonada três vezes, criando quartos que variam de profundidade, num total de 26 tipos diferentes. Além disso, essas treliças de longo alcance criam um espaço livre e de lazer, amplo e arejado, no 4º pavimento.
O sistema estrutural permite que o projeto celebre a variabilidade humana de seus hóspedes, expressando este fato com uma forma que aparentemente desafia a gravidade, obedecendo a sua própria lógica difusa. O projeto é a exceção da regra de que todos os prédios altos devem ser caixas, independentemente de sua função.