- Área: 140 m²
- Ano: 2018
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Fotografias:Federico Kulekdjian
O lugar
Costa Esmeralda é um empreendimento privado sobre as dunas da costa de Buenos Aires, a 390 km da capital. Trata-se de uma urbanização recente com reflorestamento de acácias e pinheiros marítimos, além de algumas partes com bosques consolidados. O terreno, com uma extensa fachada frontal de 45 metros, pertence a esse último setor de maneira que a casa deveria incorporar essa paisagem privilegiada e preservar a intimidade da vida diária em relação à rua. Deveriam ser considerados também os fatos de que a duna possui uma inclinação de quase dois metros e que, apesar do entorno possuir uma densa arborização, o terreno conta com poucas espécies.
A encomenda
O desejo era uma casa de não mais que 150 m2, com uma proposta estético-construtiva semelhante às outras residências construídas na região pelo mesmo escritório, valorizadas de acordo com os princípios relacionados à sua riqueza espacial e baixa manutenção requerida. Deveria ser um lugar generoso para encontros, uma cozinha visualmente conectada, dois dormitórios (um com banheiro privativo) e um espaço integrado para ser usado como sala de áudio e vídeo e, eventualmente, como dormitório de hóspedes. Deveria também ter uma churrasqueira e terraço para possível expansão.
A proposta
Decidiu-se, então, que os diferentes usos seriam acomodados naturalmente no declive do terreno, distribuídos em três volumes que simplificariam o procedimento. Estes volumes são escalonados com uma diferença de 45 cm entre eles, criando pequenos pátios que incorporam parte da paisagem. Essa primeira decisão desencadeou sucessivas operações: a primeira foi a rotação da planta em relação aos lados do terreno para coincidir com a sua inclinação natural. A partir daí, criou-se o alinhamento do eixo principal da residência na direção norte-sul e, como conseqüência desta, a necessidade de resolver o projeto com fachadas bem diferenciadas: aquela orientada ao leste, voltada para a rua, com muito aberturas controladas, sendo que a outra, a oeste, possui grandes aberturas protegidas pela vegetação. O extremo norte foi projetado completamente aberto culminando no espaço comum que possui uma grande varanda semi-coberta protegida das vistas da rua por vegetação nativa e com vistas distantes de grande valor cênico.
A organização funcional
Projetou-se a entrada da residência no centro da planta, ou seja, no ponto médio da inclinação e no mesmo nível da sala de estar-jantar-cozinha e da expansão ao ar livre. A partir desse espaço, ao ascender a escada de inclinação suave, encontra-se a área mais reservada dos dormitórios ou, no sentido contrário, ao descer, está a área de estar que contempla a paisagem em frente à lareira. Os pátio incorporam luz, transparências, reflexos e vegetação aos ambientes.
A construção
Dois únicos materiais: concreto e vidro, foram utilizados para resolver a integração com a paisagem e responder aos requisitos formais, estruturais, funcionais, de acabamento e de manutenção. A solução estrutural adotada foi cobrir cada volume com uma laje que se apoia em vigas invertidas que são entrelaçadas ao longo de toda a residência. Vigas e lajes são prolongadas em importantes balanços. As coberturas são projetadas como terraços verdes para melhorar o isolamento térmico já que recebe sol durante grande parte do dia. As poucas divisórias interiores de tijolos ocos são rebocadas e pintadas. O piso é feito de cimento alisado por meio de chapas de alumínio. As aberturas são de alumínio anodizado cor bronze escuro. O sistema de calefação, já que não existe gás natural na região, resolveu-se com um sistema de piso radiante elétrico.
Mobiliário
Com exceção das camas, poltronas e cadeiras, o restante dos equipamentos dessa moradia foram realizados em concreto.