-
Arquitetos: Taller Tlaiye ; Taller Tlaiye
- Área: 545 m²
- Ano: 2017
-
Fotografias:Yoshihiro Koitani
-
Fabricantes: Arte y decoración, Cemex, Escenium HAUS, Habitat Garden, Helvex, Koriander, Resten, Sólido furniture, Tecnolite, Teka, Timberdock, URREA, VALVO, Zolezzi
Descrição enviada pela equipe de projeto. Quinta Gaby (QG) é uma residência unifamiliar construída em taipa, uma técnica milenar de construir paredes maciças, que consiste em comprimir camadas de terra úmida dentro de um escoramento de madeira.
O projeto da residência consegue estabelecer plena harmonia, respeitando a beleza de seu entorno natural. QG é composta por três volumes que se localizam ao redor do pátio central, onde uma árvore paineira se transforma no núcleo do lar. O acesso à casa é marcado por uma porta cor-de-rosa, uma pequena homenagem à transcendente obra do arquiteto Luis Barragán. Ao cruzar a porta, adentra-se o pátio, um espaço externo ao redor do qual se comunicam, conectam e distribuem o restante dos espaços da casa, atuando como núcleo de todas as atividades, da mesma forma como era costume nas fazendas mexicanas, onde a parte interna e externa tem uma relação próxima. Os espaços internos são amplos e contínuos, o desenho do perímetro do projeto permite a abertura de um espaço unificado, onde a vida dos habitantes da casa acontece sem limitações.
Neste projeto resgatou-se o método construtivo da taipa, utilizando-o extensivamente na residência por conta de suas múltiplas vantagens. Trata-se de um material que proporciona possibilidades criativas e de projeto ilimitadas em relação ao aspecto estético. A beleza natural da taipa transmite uma grande honestidade ao deixar aparente a forma irregular de suas camadas de diferentes cores e texturas que, com seus defeitos e peculiaridades, agregam beleza e características marcantes à casa.
A taipa se caracteriza por sua inércia térmica, um grande conforto hidrotérmico e sua emissão muito baixa de CO2, uma boa capacidade de isolamento acústico dada a sua densidade e espessura. Além disso, a mistura de minerais de sua composição funciona como inibidora de fogo ao reagir. Seus elementos são solúveis em água e se forem suficientemente umedecidos perdem a compacidade característica do material, que será, então, maleável e plástico, o que faz dele um elemento reciclável.
Como arquitetos, queríamos romper com a limitada pré-concepção dos materiais que devem ser utilizados para a construção de uma residência digna, revalorizando um sistema de construção tradicional e sua articulação funcional com as necessidades e tecnologias atuais.
QG toma o material, nossa terra, como ponto de partida para uma reinterpretação da arquitetura mexicana, aproveitando a grande relação da taipa com nossas culturas pré-hispânicas, suas vantagens estéticas e benefícios sustentáveis. A Quinta responde a seu entorno utilizando materiais da região e aproveitando a iluminação e ventilação naturais. Os materiais foram utilizados em seus estados naturais: grossas paredes de barro e terra amassados e compactados, pisos de concreto aparente; lajes revestidas do cal de alta pureza e piscinas, espelhos d'água e banheiros revestidos de cimento branco colorido com as substâncias extraídas da casca de uma árvore. Trata-se de uma arquitetura orgânica, que se desenvolve de dentro para fora respondendo às necessidades de quem habita e de seu entorno.