Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto tem como protagonista uma grande árvore existente no terreno, o qual conta com uma área muito mais profunda que larga. Por isso, decide-se alargar os percursos dentro da casa para aproveitar a maior quantidade de espaço habitável possível sem criar ambientes residuais.
O projeto foi um árduo exercício de integração da árvore com a casa, onde o resultado deveria ser uma sinergia entre o natural e o construído, assim como uma relação constante interior-exterior. Dessa forma opta-se pelo respeito à árvore em sua totalidade, sem tocá-la ou envolvê-la, o que resultou em um eixo diagonal na lateral mais alongada do terreno, gerando uma desconstrução da tipologia de casa comum da região a qual se caracteriza por um pátio-garagem em frente e um pátio ajardinado na parte posterior. Neste caso, o eixo diagonal do projeto nos confere a oportunidade de criar mais dois pátios e jardins nas laterais, separando-os assim das adjacências, conferindo iluminação e ventilação a toda a casa.
Seguindo o desejo de incorporar a árvore em todos os ambientes cria-se, na planta superior, um terraço cuja sombra é gerada pela copa da mesma árvore, podendo vivenciar esse elemento natural desde todos os seus ângulos, utilizando a analogia da "casinha na árvore" que muitos sonhamos quando pequenos. Essa é uma casa feita para contemplar a árvore e viver com ela.
Os materiais predominantes do projeto são, em termos gerais, o concreto, a cerâmica e o vidro; elementos que relacionamos com a pedra, a terra e o ar que são a essência do terreno. Dessa forma, tais elementos arquitetônicos conferem um caráter muito acolhedor para a residência.
Os muros de concreto aparente, a laje flutuante e, inclusive, o piso de concreto no térreo, buscam a atemporalidade e, por sua vez, cedem o protagonismo à vegetação dos jardins laterais e à própria árvore. Buscou-se também incorporar elementos tradicionais da arquitetura mexicana como as peças cerâmicas, as telhas, abóbodas e o mosaico artesanal, evocando a memória do lar.
O programa é de fácil leitura e de um percurso bem simples e funcional, na planta baixa temos a área social com um ambiente de pé-direito duplo e uma área praticamente em planta livre, uma cozinha bastante ampla com uma ilha que serve como sala de jantar. Nas laterais temos os jardins que permitem ampliar o espaço interior e que, por sua vez, nos permitem ter sempre presente a vista da árvore desde diferentes enquadramentos.
No nível superior encontra-se a área privada com duas habitações que se conectam por meio de uma ponte desde a qual podemos apreciar a amplitude do espaço por meio do pé-direito duplo. As habitações, por sua vez, compartilham o terraço já mencionado mediante do qual podemos estabelecer um diálogo direto entre a árvore, a pessoa e o céu sendo, talvez, o espaço mais íntimo.
A fachada é fechada na direção oeste para proteger-se da insolação e respira através da face leste, iluminando-se pelo sol da manhã. Desde a rua temos um volume que é suportado por um par de colunas inclinadas e por um muro de concreto. Assim, novamente temos uma analogia da árvore que emerge da terra e é coberta por sua folhagem. Ou seja, coexistindo temos a grande árvore no primeiro plano, parcialmente revestida por um tramado cerâmico que desde o exterior nos permite apreciá-la mas que deixa certo mistério, convidando a percorrer o espaço por dentro.