- Área: 340 m²
- Ano: 2016
-
Fotografias:Pedro Vannucchi
Descrição enviada pela equipe de projeto. A ESCOLA DO BAIRRO toma emprestado de sua concepção o seu nome, ou seja, o Bairro é ao mesmo tempo nome e conceito que sustenta essa escola experimental das/para as infâncias. No âmbito do território do bairro, é considerada como um equipamento urbano de convivência, difusão e sistematização dos conhecimentos históricos e universalmente construídos que visa incluir bebês e crianças na cultura geral humana por meio das ferramentas sociais, emocionais e cognitivas disponíveis e apropriadas. Os quatro elementos naturais – Terra, Água, Ar e Fogo – constituem a base de sua Pedagogia da Investigação por meio da aprendizagem baseada na escuta, nas interações, na brincadeira e na pesquisa.
A arquitetura da ESCOLA DO BAIRRO foi pensada de maneira a estimular a curiosidade natural das crianças em relação aos elementos da natureza, das diferentes linguagens e conhecimentos cujas respostas poderão ser construídas ao longo do tempo e na experiência de espaços exteriores mais amplos e complementares a própria escola. Em nossa concepção, uma educação infantil de qualidade baseada na escuta, nas brincadeiras, nas interações e nos ambientes de investigação mediados por objetos culturais é uma questão de escolha e vontade política. Para realiza-la, portanto, o projeto da ESCOLA DO BAIRRO supõe uma arquitetura constituída de espaços internos e exteriores que conversam entre si por meio de elementos construtivos vazados, transparentes e integrados, permitindo que tanto os elementos humanos como naturais estejam presentes diariamente.
Os espaços são de multiuso, propiciando atividades tanto molhadas como secas, na medida em que em cada sala existe uma bancada para trabalho com água; mobiliário específico para brincadeiras, atividades individuais, em pequenos ou grandes grupos e, estações móveis que funcionarão como minibibliotecas (com acervos de livros, revistas e material escrito diversos e em várias línguas), oficinas de marcenaria, de costura, de desenho, de pintura, de modelagem, de música, de fotografia, etc. nas quais crianças e bebês poderão explorar e produzir seus objetos e criações. Buscou-se referências na arquitetura brasileira rural, urbana ou contemporânea de forma a que os 4 elementos –Terra, Água, Ar e Fogo – estejam presentes como elementos que estimulem a curiosidade e a imaginação. Por meio de sua rotina, usos dos espaços e da organização dos tempos a escola pretende que os bebês e as crianças, ao longo de sua frequência a escola, possam construir os conhecimentos e as habilidades que lhes permitam compreender e lidar com questões simples que afetam suas vidas e o meio ambiente e, gradativamente, na medida em que forem crescendo e se desenvolvendo, compreendam e lidem com as questões sociais, científicas e culturais complexas.
A proposta pedágio se apoia no sentido de pertencimento ao lugar, o projeto afirma esta ação com a proposição de espaços abertos, com grande integração. As atividades dos alunos se apropriarão dos equipamentos existentes no entorno e o espaço da escola pretende acolher a comunidade e proporcionar um equipamento urbano ao bairro.
O casarão de estilo eclético que acolhe a instituição esta implantado em um terreno com entorno tombado pelo patrimônio histórico, esta memoria material reforça o caráter local da escola, com a demolição de construções posteriores que descaracterizavam o imóvel destacou-se este edifício com valor simbólico e o potencializou com a qualificação das estruturas internas. Para complementar o programa necessário adicionou a construção existente um novo pavilhão com estrutura leve e franca que afirma o caráter universal do projeto pedagógico.
Um pequeno volume estranho ao casarão é preservado para absorver as áreas molhadas deste edifício, este elemento adquire uma plasticidade que contrasta com os ornamentos e as proporções das aberturas da antiga construção. Engastado com esta torre uma marquise nova se desenvolve para o interior do lote e, ao mesmo tempo em que abriga algumas infraestruturas da escola, organiza os fluxos e define os espaços vazios do conjunto. Em um segundo nível, mais alto que o da marquise, duas novas coberturas leves organizam os espaços vazios cobertos e os espaços vazios descobertos.
Os espaços pedagógicos são flexíveis e adquirem funções múltiplas, a integração com as áreas externas é reforçada com portas amplas que permitem conectar ou dividir os ambientes, estas grandes superfícies recebem os quadros negros das salas. As sobreposições de usos e a concentração das atividades são viabilizadas com a sinergia obtida na apropriação dos equipamentos urbanos existentes no bairro no dia-a-dia dos alunos, como: o Instituto Biológico, a Cinemateca, o Parque Ibirapuera, o Sesc Vila Mariana e o Centro Cultural São Paulo, lugares que reforçam a cidade como a grande inspiração de conhecimento e de convivência humana.
O projeto afirma sua urbanidade com a coexistente de edifícios de diferentes épocas em sua estrutura, com a fluidez dos espaços e com usos múltiplos. Abriga parte das atividades cotidianas dos alunos e comporta receber pais, professores e a vizinhança em eventos pedagógicos e festivos. A continuidade das áreas externas e a estrutura compacta dos edifícios reforçam a abertura que a escola pretende ao bairro e potencializa sua relação com a natureza com a integração dos pátios e jardins pelas os espaços semiabertos definidos pelas elevadas coberturas.