- Área: 400 m²
- Ano: 2017
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Fotografias:Gonzalo Viramonte
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Fabricantes: Electroalem, Geotecnia Srl, Integral Aberturas, Saniplast
“Vou construir uma casa no ar para que você viva. Como essa casa não tem cimento, tem o sistema que eu inventei... E se você não voar, não pode subir, não chegará até lá." - Rafael Escalona (escritor)
Na região noroeste da extensa periferia da cidade de Córdoba encontra-se a reserva parque natural San Martin, ao redor da qual uma série de bairros fechados surgiram nos últimos anos. Em um desses bairros, o escritório APS - Pablo Senmartin elaborou o projeto desta casa para uma família de cinco integrantes. Por ser distante do centro da cidade, o programa solicitado pela família incluía áreas de estudo e de trabalho para pais e filhos, assim como áreas de uso comum que dessem suporte a uma intensa vida social.
O terreno de 600 m2 encontra-se em uma esquina que contém uma antiga alfarroba, que foi encarada como uma oportunidade dentro da estrutura do bairro, entre tantos muros e cercas, para gerar um lugar de referência e encontro, um lugar-praça a partir do qual se pode acessar, tanto a área de estudo e trabalho da casa, quanto a área de cozinha e serviços, assim como a área multiuso de forma independente.
Não existe uma frente única, não há um acesso único, há alternativas.
A partir da praça, a casa funciona por meio da articulação de blocos programáticos que vão se sobrepondo uns aos outros. Se propõe um percurso: a casa começa sua transformação buscando conexões entre os diversos elementos do contexto, um bloco de pedra junto à árvore como imagem de vínculo com a paisagem da reserva natural, a partir dessa imagem introvertida, maciça e simples adentra-se um interior transparente, luminoso e flexível que rodeia um grande pátio com piscina.
Esta fluidez e transparência interna é possível graças ao recurso do "desafio à gravidade", colocando dois volumes maciços que contém os dormitórios sobre outros dois volumes leves das salas de uso comum. Esses volumes são deslocados, produzindo uma defasagem que cria espaços de transição e, com seus apoios disfarçados, uma sensação de que estão voando sobre a reserva natural do entorno. A técnica construtiva em concreto armado à serviço do conceito de alcançar permitiu criar um vão de 4,50 m x 5,50 m com uma laje nervurada com vigas de 40 cm de altura apoiadas em pilares de seção 25x25 cm.
Um vazio central divide o programa funcional e aumenta a sensação de leveza. A escada de concreto armado ocupa uma posição central e atravessa um pé direito duplo, como referência articuladora e como escultura dentro deste espaço integrado e fluido.
A casa transparente e aérea evita os muros.