- Área: 7500 m²
- Ano: 2015
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Fotografias:Shikai / INUCE
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Fabricantes: Rieger Orgelbau
Repressão e Renascimento: a minoria cristã em uma típica cidade chinesa
Desde a sua fundação em 1938, a Igreja de Huaxiang foi testemunha de muitas transformações radicais: décadas de negligência e deterioração a um recente crescimento sem precedentes; de ser completamente suprimida no passado a um recente crescimento sem precedentes. A pequena igreja encontra-se atualmente em meio a um labirinto de arranha-céus, por isso, para atender a necessidade de espaços adicionais, a instituição decidiu por construir um centro comunitário adjacente à antiga estrutura da igreja.
Uma nova igreja em meio à cidade: um resumo dos conflitos e contradições
As condições impostas ao projeto eram mais do que extraordinárias: primeiramente, a necessidade por um maior espaço construído conflitava diretamente com as restrições do patrimônio histórico. Em segundo lugar, o caráter isolado do terreno - cercado por um conjunto incomunicável de edifícios de diferentes alturas e diferentes estilos - exigiu uma abordagem inovadora em relação ao contexto próximo.
Harmonia e evolução: repensando a tradição para incorporar-se ao presente
O projeto, finalmente, convenceu tanto nossos clientes quanto as autoridades. Ele atua como um mediador no contexto urbano: suavizando seus contornos e sua sutil verticalidade em um movimento contínuo de subida e descida, configurando um volume visualmente contido, mas que é sete vezes maior que a pequena igreja à qual ele se conecta. A medida que se aproxima do edifício histórico, estas sinuosidades vão escalonando em altura, revelando a torre da igreja e evocando um percurso celestial até o sagrado.
A sua fachada extravagante e contida ao mesmo tempo, contrasta com o brilho e a sobriedade dos edifícios do entorno. Ela foi acabada em granito vermelho, semelhante ao utilizado na estrutura da antiga igreja - um material que caiu em desuso na china, um típico elemento da arquitetura local complemente esquecido.
Em um sentido professo, essa infinitude de pedras sobrepostas traduz para a arquitetura a natureza dual da palavra “Igreja”, que se refere não apenas ao próprio edifício, mas também à congregação de todos os fiéis. Isso fornece ao centro comunitário uma qualidade háptica, cálida e reconfortante para seus seguidores, sempre provocando um sorriso nos rostos das pessoas que à tocam com as mãos. Esteticamente, este projeto nos revela a beleza que podemos encontrar em materiais supostamente desatualizados, técnicas tradicionais e artesanais, provando que em um ambiente de extremos, às vezes a simplicidade se destaca com mais vigor.
Funcionalmente, a organização do edifício corresponde às necessidades desejadas pelo cliente, fornecendo uma variedade de espaços multifuncionais. Para maximizar a projeção reduzida do edifício, áreas na cobertura foram concebidas como anfiteatros ao ar livre acessíveis ao público, permitindo que a comunidade se encontre também sob a luz do céu. A partir dos edifícios vizinhos, no entanto, o edifício se adéqua à escala urbana aonde está inserido, onde a comunidade revela sua fé e compartilha sua alegria com a cidade.
O projeto do centro comunitário, portanto, incorpora uma mudança de direção da congregação: de uma minoria que se escondeu em reclusão, a uma comunidade vibrante que se revela e abre seu coração para o mundo, convidando à todos à participar. Meses após a sua inauguração, o centro comunitário tornou-se um lugar popular entre os jovens e uma plataforma de observação, onde moradores e visitantes podem desfrutar de uma ampla vista sobre o centro histórico da cidade.