- Área: 700 m²
- Ano: 2018
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Fotografias:João Morgado
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Fabricantes: Efapel, Recer, Sanitana
Descrição enviada pela equipe de projeto. O edifício de Sá da Bandeira foi o nosso primeiro projeto no contexto de reabilitação da Baixa do Porto. Tendo ficado vários anos em suspenso, teve o seu início de construção cinco anos após o início da elaboração do projeto. Este período de espera revelou-se fundamental no seu desfecho, uma vez que contribuiu para uma reflexão sobre a forma de projetar em preexistências. O projeto inicial afirmava de uma forma bastante radical a relação entre o existente e o construído, intenção que foi perdendo força à medida que a obra se foi desenvolvendo. Culminando num exercício muito mais sensível e discreto que quase anula a presença do arquiteto no resultado final da intervenção.
O edifício de Sá da Bandeira, embora apresente todas as características tipológicas dos edifícios de habitação da Baixa do Porto Séc. XIX nunca chegou na realidade a ser habitado, tendo funcionado sempre como um edifício de comércio e serviços, sendo isso muito evidente na forma como o espaço interior foi sendo subdividido e alterado. Ainda assim preservava intactos elementos construtivos e decorativos da construção original, as estrutura de madeira (pisos e cobertura), a claraboia de desenho oval, grande parte das carpintarias nomeadamente rodapés, corrimãos, portas interiores e portadas.
O desafio era então remodelar interiormente o edifício e ampliá-lo num piso recuado, possibilitando desta forma a instalação de seis apartamentos, quatro de tipologia t1 e dois de tipologia t2 duplex, mantendo o espaço comercial autónomo no piso térreo. O excelente estado das circulações verticais, das estruturas e dos soalhos, foi o ponto de partida para o tipo de intervenção que se quis mais de restauro do que remodelação. Assim e uma vez que a caixa de escadas se encontra no centro da planta, desenhou-se uma solução de “frente traseiras”, criando dois apartamentos por piso.
A distribuição interior reinventa as alcovas comuns nesta tipologia, por forma a integrar as partes do programa até agora inexistentes no edifício, cozinhas e instalações sanitárias. Respeitando a hierarquia construtiva e de acabamentos presente nesta família de edifícios, os espaços e os detalhes vão-se simplificando à medida que subimos no interior. Ao romantismo do Séc. XIX evidente no 1.º e 2.º pisos sucedese uma linguagem muito mais simplificada no 3.º piso (ampliação). Os elementos de mobiliário de decoração reforçam a visão romântica do edifício, criando um todo que se pretende contemporâneo, contextualizado, eclético e fortemente emocional.