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Arquitetos: comoVER Arquitetura Urbanismo
- Área: 369 m²
- Ano: 2016
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Fotografias:Manuel Sá
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Fabricantes: Chauffage, Lajes Independencia, Pierini, Redentor, Seis Emes, polimix
Descrição enviada pela equipe de projeto. Três questões nos guiaram para o projeto da Casa AM: área livre, águas pluviais e o cuidado com o nível da construção no lote em relação ao visual da rua.
A casa foi pensada de maneira que a cota da garagem ficasse 30cm acima do nível da calçada, afim de resolver tanto a questão de escoamento de águas pluviais quanto de um possível ocultamento do edifício em relação ao entorno. Para evitar uma altura excessiva do muro de arrimo no fundo do terreno, a residência possuí uma “quebra” de nível de 65cm: a área íntima do programa fica mais baixa e privativa em relação à área mais alta e social da casa.
Para conservar o máximo de área livre, a estratégia adotada foi a de concentrar o programa de necessidades de tal sorte a criar um núcleo prismático, se abrindo quando conveniente para direcionar melhor a luz e ventilação, organizando os espaços internos e evitando áreas de corredor.
A escada externa conecta a varanda à porção de pavimento superior da residência, solução proveniente de um pedido especial dos clientes: um cômodo isolado com acesso independente da casa, uma sala que servisse a ensaios de uma banda. A solução adotada, posicionando o cômodo no pavimento superior, coloca o som e vibração no alto, isolado acusticamente. A varanda configura-se como importante eixo de acesso à sala de ensaios: a escada externa de concreto, apoiada diretamente na empena do edifício, permite o acesso, não apenas à sala de ensaios, mas também a um terraço jardim, garantindo a melhor vista, ventilação e insolação do terreno, voltada a sudeste.
A estrutura que reúne e acomoda o programa de necessidades é de concreto armado aparente ripado. As vigas vencem grandes vãos transversalmente e longitudinalmente.
A insolação é fator determinante na posição de cada cômodo da residência. A frente do lote recebe sol durante todo o dia (norte, nordeste), resultando em empenas cegas, com apenas um plano de iluminação indireta por meio de cobogós, entre garagem e living.
A fachada onde estão localizados os serviços (noroeste, oeste) recebe parcialmente o sol da tarde.
A ventilação dos dormitórios é a mais adequada, voltada a sudeste, direção dos raros ventos frescos da cidade. A iluminação dos banheiros se dá de maneira visualmente controlada: janelas do banheiro do casal se voltam ao pátio jardim, enquanto a iluminação e ventilação do banheiro central, se dá por meio de iluminação zenital. Os três dormitórios dividem um jardim íntimo, com paisagismo vertical no muro de divisa.
A varanda voltada para o jardim, oferece as melhores condições e nobreza visual para o exercício do trabalho (escritório) e da fé (oratório). Para barrar o sol da manhã, venezianas de concreto fecham parte da fachada, dividindo espaço com uma janela vertical fixa.
A resultante não poderia ser outra senão a de uma arquitetura cuja estética está diretamente ligada às funções que desempenha. A didática construtiva permite o percurso do olhar: a apreensão do espaço da arquitetura como uma escola.