- Área: 42299 m²
- Ano: 2018
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Fotografias:Laurian Ghinitoiu, Ossip van Duivenbode
Texto redigido por Reinier de Graaf. O projeto Norra Tornen nasce da estrutura de dois edifícios existentes e o esqueleto de um projeto inacabado, concebido pelo arquiteto da cidade de Estocolmo, Aleksander Wolodarski. Estes volumes compõe um "crescendo" em diferentes alturas - não possuem lajes e nem mesmo podem ser chamados de torre - negando qualquer tipo de rótulo ou tipologia. Por outro lado, escolhemos um programa que, contando com uma série de espaços abertos, faz destes edifícios um objeto único em sua forma.
Decidimos arriscar - aceitar o inevitável para superar nossos medos - incorporando o envelope existente dos edifícios como um dado objetivo. A sua efetiva segmentação vertical foi então complementada por um segundo fracionamento horizontal da estrutura, conferindo a volumetria do conjunto de edifícios uma linguagem única e homogênea: uma pele rugosa, configurada por um padrão alternado de cheios e vazios. O material escolhido, concreto aparente rugoso com agregados graúdos de várias cores, evoca a arquitetura brutalista, e não por um mero acaso. De acordo com o crítico de arquitetura Reyner Banham, o termo arquitetura brutalista foi cunhado por Hans Asplund, filho de Gunnar Asplund, para definir um projeto do seu escritório em uma carta a seus amigos arquitetos britânicos.
Para a construção da Norra Tornen, utilizamos painéis de concreto corrugado pré-fabricados - uma técnica de construção que permite o trabalho no canteiro de obras até mesmo em temperaturas abaixo de cinco graus Celsius, o limite para a concretagem in situ. A pré-fabricação também proporcionou uma redução significativa nos custos de construção. Desta forma, nosso projeto alcançou uma relação de áreas de parede-piso muito próxima a 1 sem torná-la inviável - a maioria das construtoras desistiria de assumir uma obra com uma razão de 0,5. Pudemos com isso canalizar o investimento para criar apartamentos com layouts únicos, múltiplas orientações e metros quadrados extras de janelas - um recurso precioso em um país que sofre com a falta de iluminação natural durante mais da metade do ano. Em um entorno urbano praticamente construído ainda antes da Segunda Guerra Mundial, o Norra Tornen introduz um novo jeito de morar, recuperando a alta densidade sem abrir mão dos espaços abertos ao ar livre (Estocolmo ocupa o quarto lugar em qualidade do ar das grandes cidades em toda a União Européia).
A primeira torre, chamada de Innovationen Tower, abriga um total de 182 unidades residenciais, desde apartamentos de um quarto com 44 m² até unidades de 271 m² na cobertura do edifício, sendo que a grande maioria dos apartamentos possuem dois ou três quartos de 80 a 120 m². Este amplo programa residencial é complementado por uma sala de cinema, uma salão de festas, um apartamento para hóspedes, uma academia de ginástica com sauna e spa além de outras áreas comerciais no térreo. A segunda estrutura ou Helix Tower, inclui outras 138 unidades mais amenidades.
Alcançando uma altura de 125 metros e 110 metros respectivamente, as duas torres projetadas pelo OMA são hoje, os edifícios residenciais mais altos do centro da cidade. Localizado em Hagastaden, um novo distrito no norte de Estocolmo, desenvolvido em torno do Instituto Karolisnka (que concede o Prêmio Nobel de Medicina), o projeto funciona como uma nova porta de entrada para o centro da capital sueca. Entretanto, a manipulação da volumetria pré-existente dos edifícios, transforma radicalmente sua arquitetura de orientação monumental, dando espaço à uma arquitetura de característica mais discreta. Esta antiga estrutura formalista foi moldada para abrigar espaços surpreendentemente informais ... ou até mesmo, mais humanos.